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Acordo entre indústria e governo reduz 14 mil de toneladas de sódio em alimentos

Belo Horizonte é a segunda capital do país com maior frequência de diagnósticos alto referidos de hipertensão

Carolina Mansur
Brasileiro consume em média 12 gramas de sódio por dia, excedendo em mais de duas vezes o limite máximo recomendado pela OMS - Foto: SXc.HU/Banco de Imagens
 O acordo entre a indústria de alimentos e o governo federal, que vem contribuindo para a redução de sódio em alimentos, já retirou 14.893 toneladas de sódio dos alimentos processados, nos últimos quatro anos. A hipertensão, que tem como uma das causas o consumo excessivo de sódio, no entanto, continua em alta. Belo Horizonte, segundo dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenaças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2015, é a segunda capital do país com maior frequência de diagnósticos alto referidos de hipertensão.

A frequência de adultos que disseram ter o diagnóstico médico de hipertensão arterial foi de 27,9% em BH, que ficou atrás do Rio de Janeiro, com 30,6%. Uma das causas para o avanço da doença pode estar relacionada ao fato do brasileiro consumir em média 12 gramas de sódio por dia, excedendo em mais de duas vezes o limite máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 5g/dia.

De olho nesses números e no avanço da doença, que atinge um a cada quatro brasileiros, a meta da parceria do Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância de Sanitária (Anvisa) e Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), é que até 2020, as indústrias do setor promovam a retirada voluntária de 28.562 toneladas de sal do mercado brasileiro.

O consumo excessivo de sódio é fator de risco para doenças crônicas não-transmissíveis, que respondem por 72% dos óbitos no Brasil. A partir da diminuição do consumo excessivo de sal, é possível reduzir em até 15% os óbitos por AVC e 10% óbitos por infarto, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Além disso, com a redução de sódio na alimentação, mais de 1,5 milhão de pessoas ficariam livres de medicação para hipertensão. 

Até o momento, foram reduzidas cargas de sódio em massas instantâneas, salgadinhos, pães e outros alimentos.
Uma novidade para o próximo ano é a redução de açúcar dos alimentos processados. Enquanto isso, o acordo entre o Ministério da Saúde, a redução de sódio, revisou os índices em massas instantâneas, biscoitos, salgadinhos e outros alimentos.

Só na terceira etapa, que teve os resultados apresentados nesta terça, foram retiradas mais de 7,2 mil toneladas de sódio em margaria, cereais matinais e temperos prontos. A maior redução foi observada nos temperos, com queda de 16,35% seguida pela margarina com 7,12%. Outras categorias também registraram queda considerável. Entre elas, cereais (5,2%), caldos e cubos em pó (4,9%), tempero para arroz (6,03%). Caldos líquidos e em gel é a única categoria com aumento na concentração de sódio, em torno de 8,84%.

O ministro da saúde, Ricardo Barros, poderou que muitos avanços ainda precisam ser feitos, mas destacou a importância da participação das pessoas. "Precisamos que as pessoas também reduzam a quantidade de sal adicionado à comida para uma vida mais saudável", disse. O ministro destacou ainda a contribuição da parceria para a redução das demandas na área da saúde e os investimentos feitos em pesquisa e desenvolvimento de produtos pela indústria. "Pretendemos avançar e melhorar a qualidade dos alimentos  e sabemos que isso não é simples para a indústria. Portanto, agradecemos pelo esforço para que esses objetivos sejam alcançados", ponderou. 
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