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BICHOS

Ar seco e baixas temperaturas favorecem a cinomose

Doença é considerada a segunda maior causa de mortalidade entre os pets

Revista do CB
Com a chegada do inverno, associado à baixa umidade, já é esperada a manifestação das doenças respiratórias.
Com os pets não é diferente: a queda da temperatura favorece a proliferação de micro-organismos e a queda da imunidade dos bichos. “O tempo seco resseca as vias aéreas e compromete a proteção natural do nariz, favorecendo a entrada de vírus e bactérias”, explica a veterinária Fabiana Jorge. O tempo seco dificulta também a dispersão de partículas, que permanecem no ar. Além disso, os animais passam mais tempo confinados e as aglomerações facilitam as transmissões de doenças de um bicho para outro.

Luana de Oliveira e Thor, diagnosticado com doença do carrapato e anemia - Foto: Marcelo Ferreira / CB / D.A PressUma das doenças comuns nesse período é a cinomose, considerada a segunda maior causa de índice de mortalidade entre os pets, atrás apenas da raiva. É causada por um vírus da família paramixovírus, que gosta do frio. Por isso, nesse período, aumentam os números de casos. Altamente contagiosa, a cinomose é transmitida por fluidos corporais, como vômito e secreções nasais e também pelo ar.
Segundo Fabiana Jorge, o vírus da cinomose sobrevive no ar, mesmo que por um tempo mínimo. “O vírus da doença é como se fosse o vírus da gripe em relação ao contato: pega-se em contato direto, por via respiratória.”

A vacina é a forma de prevenção mais eficiente da doença. A primeira dose é dada ao filhote por volta de 6 semanas de vida e, posteriormente, outras duas doses completam o ciclo, que deve ter manutenção anual. Dentre os grupos mais vulneráveis a contrair o vírus, estão cães com imunidade baixa ou com colapso de traqueia — síndrome em que o órgão da passagem de ar é reduzido devido a esforço ou estresse — e cachorros braquicefálicos.

As células preferidas do paramixovírus são as de rápida regeneração e, por isso, alguns dos sintomas iniciais incluem inflamações na pele e nas mucosas, como dermatite e meningite. Segundo Rafael Silva, os sintomas podem ser divididos em quatro grupos: fase cutânea, fase respiratória, fase gastrointestinal e fase neurológica. Por isso, a doença pode provocar tosse intensa, dificuldade respiratória, febre, apatia, vômito, convulsões e falta de coordenação motora.

A mascote da servidora pública Luana de Oliveira teve cinomose e chegou a ganhar 1kg por dia com o início do tratamento e está rumo à cura.“Ele ficou dois dias internado, mas já estava andando e comendo. Está se recuperando”, comemora a irmã dela, Maiara Oliveira, que ajuda a cuidar do animal. Thor foi resgatado após um atropelamento às margens de BR-020. Luana e o marido o levaram veterinário e receberam o diagnóstico: doença do carrapato e anemia.

O cãozinho foi enviado para um lar temporário em Águas Lindas e seria adotado quando melhorasse, mas durante a estadia surgiram os sintomas da cinomose, entre eles as convulsões. “Acho que ele pode ter pegado no lar temporário, porque havia outros cães diagnosticados com a doença”, imagina. Primeiramente, a doença não foi cogitada, já que ele havia sido vacinado e feito exame para detectar o vírus poucos dias antes. Um dos veterinários por quem Thor passou disse que se tratava de uma desordem neurológica sem cura, causada pelo atropelamento. Até a eutanásia foi sugerida, o que, segundo Rafael Silva, é uma medida que só deve ser tomada conjuntamente pelo médico e pelo tutor em caso de perda drástica de qualidade de vida do animal.
Felizmente, logo o diagnóstico correto foi feito. “Meus outros cachorros eram vacinados, mas eu não sabia da gravidade da cinomose”, conta Luana.

O tratamento é longo e a cura incerta, mas existe esperança. Além do antibiótico, podem ser usados remédios para evitar vômito, convulsão e manter a temperatura corporal. Quando já houve perda de mobilidade, é importante que o tutor ajude com fisioterapia e mova o animal para evitar feridas, que surgem após muito tempo com a mesma posição. É possível ainda que, após a cura, ele fiquem sequelas. “Se tiver reabilitação durante a fase neurológica, pode ser que fique com tremor, déficit neurológico, mas no geral há qualidade de vida”, explica o especialista.

Uma possível cura seria com a ribavirina, composto usado para combater o sarampo humano. Como os vírus causadores de ambas as doenças agem de modo parecido, imaginou-se uma simetria também para o tratamento. Em 2008 uma dissertação da Universidade Estadual Paulista analisou a eficácia do composto e, desde então, surgiram outras pesquisas cogitando o uso da ribavirina, mas a questão ainda é controversa. O veterinário conta que circula também pelas redes sociais uma receita que curaria a cinomose, à base de suco de quiabo. Ele lembra que não existe qualquer comprovação ou mesmo evidência de que o quiabo agiria contra a doença.


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