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Perca peso para se livrar do diabetes

Conselho vem de estudo feito com voluntários que tinham a doença metabólica. Ao emagrecer em média 14kg, eles eliminaram gordura do pâncreas e produção de insulina foi normalizada

Estado de Minas

- Foto: Valdo Virgo/CB/D.A Press

Estudo da Universidade de Newcastle, nos Estados Unidos, mostrou que é possível se ver livre do diabetes 2 apenas ajustando a dieta. A pesquisa, publicada na revista Diabetes Care, acrescenta evidência a um corpo crescente de trabalhos científicos que defendem a possibilidade de reverter essa condição crônica com a perda de peso. Isso porque, com a retirada de gordura do pâncreas, a produção de insulina retorna ao normal. Segundo o autor do trabalho, Roy Taylor, professor de medicina e metabolismo da instituição americana, mesmo pacientes que têm a doença há mais de 10 anos podem se beneficiar.

O diabetes é considerado um mal silencioso. Um em cada 11 adultos sofre da doença, embora metade deles não saiba disso. Essa condição é causada pela dificuldade do corpo de diminuir a taxa de glicose do sangue, um processo que, normalmente, é executado pela insulina. Nos pacientes com diabetes 1, isso é causado pelo próprio sistema imune, que mata as células beta, produtoras da substância. Já no caso do tipo 2, a causa é uma disfunção metabólica que dificulta o trabalho normal do fígado.

Em ambas as condições, quando não é tratada, a doença pode causar cegueira, doença cardiovascular, nefropatia, neuropatia e até óbito.


Em 2011, estudo também conduzido por Taylor mostrou que uma dieta com expressiva redução calórica poderia reverter o diabetes. Como o experimento foi curto – apenas oito semanas –, não foi possível responder se essa mudança era de longo prazo. Agora, 30 voluntários com diabetes 2 embarcaram na mesma dieta de 600 a 700 calorias diárias. Em média, os participantes perderam 14 quilos e, depois de seis meses, nenhum havia recuperado o peso. O grupo incluiu pessoas diagnosticadas em um período de oito a 23 anos.


De forma geral, 12 pacientes que tinham diabetes há menos de 10 anos conseguiram reverter completamente a condição, de imediato. Seis meses depois, continuavam livres da doença. Taylor esclarece que eles ainda tinham sobrepeso ou obesidade, mas perderam peso suficiente para remover a camada de gordura do pâncreas que inibia a produção normal de insulina. “O que vimos foi que é possível reverter o diabetes, mesmo que você tenha a doença há muito tempo, por volta de 10 anos. E, mesmo se for diagnosticado há mais tempo, não desista. É possível melhorar o controle de açúcar no sangue”, afirma o médico. “O estudo também respondeu a uma pergunta que sempre me fazem: ‘Se eu perder peso e mantiver essa perda, ficarei livre do diabetes?’. A resposta é sim!”, empolga-se.


MESMO OBESOS
De acordo com Roy Taylor, o fato de todos os voluntários terem se mantido obesos ou com sobrepeso e, ainda assim, produzirem insulina normalmente suporta a Teoria da Gordura Pessoal Limiar. “Se uma pessoa ganha mais peso do que pode tolerar individualmente, isso deflagra o diabetes, mas se perde a quantidade de peso necessária ela volta ao normal”, defende.


“A quantidade de peso que alguém pode carregar sem afetar seu metabolismo é algo muito pessoal. Setenta por cento de obesos mórbidos, por exemplo, não têm diabetes. A lição aqui é que, se a pessoa realmente quer se ver livre dessa doença, ela pode perder peso, manter essa perda e voltar ao normal. Essa é uma ótima notícia para pessoas que estão muito motivadas a ficar  livres do diabetes 2. Mas é muito cedo para recomendar isso para todo mundo. Precisamos de mais estudos”, afirma Talyor. A equipe trabalha em um novo experimento com 280 voluntários.

Allan Tutty, de 57 anos, participou da primeira pesquisa e comemora o fato de ter se livrado do diabetes. “Fui diagnosticado em maio de 2011, durante um exame de rotina. Minha família e eu nem acreditamos, porque eu não tinha sintomas físicos.

Mas, embora eu não me sentisse gordo, estava gordo – por dentro.

Vi um exame do meu fígado e dá para visualizar a gordura por volta dele”, afirma.


Ao longo de oito semanas, Tutty entrou em uma dieta de 800 calorias diárias. “Foi muito difícil, principalmente no Natal e no ano-novo, mas eu estava determinado a completar o programa. O benefício para mim foi maior que o esforço”, diz o homem, que, em dois meses, perdeu 16 quilos. Desde então, seu pâncreas tem trabalhado normalmente. Ele diz que não se priva de nenhum alimento, mas come menos do que antes. “Gosto de fast-food e de chocolate, mas não como essas coisas com frequência. Então, mantive meu peso mais baixo. Foi uma mudança radical de estilo de vida. De fato, minha vida mudou completamente graças a essa pesquisa”, diz.

 

Avanço mundial
Em todo o mundo, calcula-se que 400 milhões de pessoas vivam com diabetes, com um rápido aumento de incidência projetado. A Federação Internacional de Diabetes estima, para 2030, um total de 552 milhões de pacientes. No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, a doença acomete 9 milhões – o equivalente a 6,2% da população adulta. Apesar de ter componentes associados ao estilo de vida – e a obesidade é um deles –, a doença, tanto a tipo 1 como a 2, também tem forte base genética.

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