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Ministério reconhece risco de aumento de casos de zika e microcefalia principalmente no Sudeste

Possibilidade de piora do cenário já havia sido mencionada pela diretora da Organização Mundial de Saúde em visita ao Brasil

Agência Estado
Cláudio Maierovitch, diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde - Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
O diretor do Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, afirmou haver risco de o número de casos de zika e de microcefalia aumentar no país, sobretudo nas cidades do Sudeste.

Ele observou que a região não apresentou até o momento circulação importante do vírus. Por essa razão, a maior parte da população ainda é suscetível. "Não é impossível que a região tenha apresentado a circulação. Mas ,mesmo que tenha ocorrido, provavelmente ela foi muito pequena, algo que deixa a população vulnerável", completou.

Maierovitch afirmou haver entre autoridades sanitárias brasileiras uma percepção semelhante àquela apresentada nesta quarta-feira, 24, pela diretora-geral da Organização Mundial da Saúde, Margareth Chan. Em entrevista, ela apontou o risco de a epidemia piorar antes de que melhoras nos indicadores comecem a ser observadas.

A maior preocupação, de acordo com Maierovitch, é o Rio, em razão da Olimpíada. O diretor observou haver uma tendência histórica de redução de casos de dengue a partir de julho, quando as condições climáticas passam a ser desfavoráveis para a reprodução do mosquito vetor, o Aedes aegypti. A previsão é que a tendência se repita com relação ao zika. Há também uma expectativa de que, com as ações de combate aos criadouros, esse risco se reduza ainda mais a partir de julho.
"É essa a expectativa. Como se trata de um vírus novo, não podemos ter plena convicção." Daí a necessidade de reforçar as medidas de prevenção.

Maierovitch avalia que os indicadores de dengue - um termômetro para se avaliar a quantidade de criadouros de mosquito do País - devem começar a cair a partir de março. É esse o tempo necessário, calcula, para que ações de combate ao vetor passem a refletir também nas estatísticas sobre as doenças relacionadas, como dengue, zika e chikungunya.

O diretor informou que, durante a visita de dois dias de Margareth Chan ao Brasil, não foi discutida a possibilidade do envio de recursos para o governo brasileiro. "Esse não era o momento", disse. De acordo com Maierovitch, o mais provável é que parcerias possam ser realizadas, numa etapa posterior, para desenvolvimento de testes ou vacinas para combater o vírus..