O tempo e o espaço estão suspensos. A nave já decolou e a previsão para a chegada é calculada em milhões de anos-luz, não em quilômetros ou milhas. Os quatro tripulantes estão ansiosos. É sua primeira viagem à Terra.
O voo, se é que se pode chamar assim, corre tranquilo. E o firmamento é uma imensidão negra, de onde se avista o Planeta Azul flutuando no céu, como se fosse uma lua cheia grande e estampada.
Vista lá de cima, a Terra dá um show. Não se veem crises, guerras, violência, violação de direitos humanos, secas, enchentes, maremotos, tsunamis...
Na chegada se vê, logo de cara, o contorno degradê que envolve o desenho das Américas, separado pela linha invisível do Equador.
Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois um.
Com um tranco equivalente a um grande terremoto, a espaçonave rompe a atmosfera terrestre. O baque violento desorienta os tripulantes.
Ao furar o bloqueio da órbita, o atrito dos gases e a combustão derivada do aumento da concentração de oxigênio se transformam num escudo contra invasores, como se a energia da própria Terra estivesse se protegendo de um potente meteoro.
É difícil manter o controle do leme numa situação assim, mas os tripulantes vencem o desafio e estabilizam o objeto voador ainda não identificado no Planeta Azul.
A aproximação se dá em meio à imensidão líquida do Oceano Atlântico.
O voo meia-boca, sem a mínima estabilidade, cruza a ilha de Fernando de Noronha e, reduzindo a velocidade, afasta-se do mar para cair em pleno Sul de Minas Gerais.
Do combalido objeto espacial, descem, atordoados, quatro ETs. Os ETs de Varginha.
Alfa 1 sente um cheirinho de café – e gosta.
Alfa 2 sai muito machucado do pouso e está prestes a partir desta para a melhor.
Alfa 3 e Alfa 4 fogem do local onde a nave está espatifada e se escondem ao lado de uma estranha coisa quadrada, pintada de branco, com três buracos na frente, sendo dois menores, que ficam lado a lado, e outro mais afastado, na vertical.
Era uma casinha no campo.
Em sua linguagem ininteligível, a dupla discute que diachos deve ser aquilo. Nesse momento, escutam um farfalhar de passos sobre folhas secas e avistam três criaturas horríveis.
Elas têm longas pernas finas, além de pelos compridos e esquisitos na cabeça. Ao vê-los, gritam, histéricas, e saem correndo.
Decepcionados com a recepção, que acreditavam seria mais calorosa, resolvem explorar as redondezas, mas logo chegam monstros com rodas, dos quais saem seres de pernas longas cobertas de pano verde e pelos na cabeça, e começaram a atirar, acertando os dois bem naquele ponto que concentra a vida.
A caçada é implacável e prossegue por dias, com direito a tanques de guerra e muita curiosidade do Brasil e do mundo. Enquanto isso, nos bastidores do jornal Estado de Minas, bem na hora do fechamento, alguém grita:
– Acharam o ET de Varginha!
Os repórteres, imediatamente, se levantam para checar a notícia, mas alguém se adianta e completa:
– Apareceu em São Paulo. Foi vistar o Tietê...
Vinte anos depois, o que sobrou dos ETs de Varginha foi uma estátua de gosto duvidoso na entrada da cidade, uma declaração do Exército que não diz nada com nada, um livro sobre o episódio.
Uma das criaturas de pelo na cabeça e pernas compridas, que, na realidade, era uma das adolescentes que viram os ETs perto da casinha quando a nave caiu no Sul de Minas, hoje serve cafezinho, empada, pão de queijo e suco numa lanchonete.
O cliente está esperando no balcão. O telefone toca. É um repórter do Estado de Minas, que se identifica e a convida a lembrar o caso do extraterrestre, hoje resumido à estátua verde que carrega um mapa vermelho de Minas Gerais colado ao coração e que fica de sentinela na entrada da cidade.
Ela se recusa a dar a entrevista com uma sentença peremptória. O caso, ocorrido há 20 anos e considerado pelos ufólogos um dos mais importantes do mundo, é página virada em sua vida.
O tempo e o espaço estão suspensos. Até que a próxima nave pouse na Terra.
O voo, se é que se pode chamar assim, corre tranquilo. E o firmamento é uma imensidão negra, de onde se avista o Planeta Azul flutuando no céu, como se fosse uma lua cheia grande e estampada.
Vista lá de cima, a Terra dá um show. Não se veem crises, guerras, violência, violação de direitos humanos, secas, enchentes, maremotos, tsunamis...
Na chegada se vê, logo de cara, o contorno degradê que envolve o desenho das Américas, separado pela linha invisível do Equador.
Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois um.
Com um tranco equivalente a um grande terremoto, a espaçonave rompe a atmosfera terrestre. O baque violento desorienta os tripulantes.
Ao furar o bloqueio da órbita, o atrito dos gases e a combustão derivada do aumento da concentração de oxigênio se transformam num escudo contra invasores, como se a energia da própria Terra estivesse se protegendo de um potente meteoro.
É difícil manter o controle do leme numa situação assim, mas os tripulantes vencem o desafio e estabilizam o objeto voador ainda não identificado no Planeta Azul.
A aproximação se dá em meio à imensidão líquida do Oceano Atlântico.
O voo meia-boca, sem a mínima estabilidade, cruza a ilha de Fernando de Noronha e, reduzindo a velocidade, afasta-se do mar para cair em pleno Sul de Minas Gerais.
Do combalido objeto espacial, descem, atordoados, quatro ETs. Os ETs de Varginha.
Alfa 1 sente um cheirinho de café – e gosta.
Alfa 2 sai muito machucado do pouso e está prestes a partir desta para a melhor.
Alfa 3 e Alfa 4 fogem do local onde a nave está espatifada e se escondem ao lado de uma estranha coisa quadrada, pintada de branco, com três buracos na frente, sendo dois menores, que ficam lado a lado, e outro mais afastado, na vertical.
Era uma casinha no campo.
Em sua linguagem ininteligível, a dupla discute que diachos deve ser aquilo. Nesse momento, escutam um farfalhar de passos sobre folhas secas e avistam três criaturas horríveis.
Elas têm longas pernas finas, além de pelos compridos e esquisitos na cabeça. Ao vê-los, gritam, histéricas, e saem correndo.
Decepcionados com a recepção, que acreditavam seria mais calorosa, resolvem explorar as redondezas, mas logo chegam monstros com rodas, dos quais saem seres de pernas longas cobertas de pano verde e pelos na cabeça, e começaram a atirar, acertando os dois bem naquele ponto que concentra a vida.
A caçada é implacável e prossegue por dias, com direito a tanques de guerra e muita curiosidade do Brasil e do mundo. Enquanto isso, nos bastidores do jornal Estado de Minas, bem na hora do fechamento, alguém grita:
– Acharam o ET de Varginha!
Os repórteres, imediatamente, se levantam para checar a notícia, mas alguém se adianta e completa:
– Apareceu em São Paulo. Foi vistar o Tietê...
Vinte anos depois, o que sobrou dos ETs de Varginha foi uma estátua de gosto duvidoso na entrada da cidade, uma declaração do Exército que não diz nada com nada, um livro sobre o episódio.
Uma das criaturas de pelo na cabeça e pernas compridas, que, na realidade, era uma das adolescentes que viram os ETs perto da casinha quando a nave caiu no Sul de Minas, hoje serve cafezinho, empada, pão de queijo e suco numa lanchonete.
O cliente está esperando no balcão. O telefone toca. É um repórter do Estado de Minas, que se identifica e a convida a lembrar o caso do extraterrestre, hoje resumido à estátua verde que carrega um mapa vermelho de Minas Gerais colado ao coração e que fica de sentinela na entrada da cidade.
Ela se recusa a dar a entrevista com uma sentença peremptória. O caso, ocorrido há 20 anos e considerado pelos ufólogos um dos mais importantes do mundo, é página virada em sua vida.
O tempo e o espaço estão suspensos. Até que a próxima nave pouse na Terra.