“Uma imunoterapia de efeito amplo para o vírus ebola seria uma vantagem tremenda, já que é impossível saber qual cepa causará a próxima epidemia”, diz Jonathan Lai, coautor da pesquisa e professor de bioquímica da Faculdade de Medicina Albert Einstein. A variante Ebov, do Zaire, foi responsável pela epidemia de 2014 na África Ocidental, a maior já registrada na história. Depois dela, a cepa mais forte do vírus é a do Sudão (SUDV). “Ela também nos preocupa, porque provoca surtos mais frequentes e, no passado, foi responsável por grandes epidemias”, diz Lai. Embora vacinas que protejam contra a Ebov estejam sendo testada clinicamente, ainda não há imunoterapia aprovada para prevenir infecções provocadas por qualquer variante do vírus. As terapias para pessoas já infectadas ainda são limitadas.
Em um estudo anterior, Lai usou uma técnica chamada engenharia de anticorpos sintéticos para criar os primeiros anticorpos humanizados contra o SUDV.
Para saber se as substâncias serão efetivas, elas terão de ser testadas em animais maiores e humanos. Caso a imunoterapia se mostre segura e efetiva, ela poderá prevenir surtos como o de 2014, diz Lai. “É também possível que uma terapia como essa seja usada profilaticamente, para proteger trabalhadores da área de saúde e familiares que entraram em contato com pacientes de ebola”, observa. Embora não haja planos para novos testes com os dois anticorpos, o pesquisador revela que uma companhia farmacêutica mostrou interesse neles. Até lá, a equipe de Lai continuará investigando formas de neutralizar as cepas do ebola e do vírus marburg, um patógeno letal muito semelhante ao ebola.
Fim oficializado pela OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou ontem o fim da epidemia do ebola na África Ocidental. Em dois anos, o vírus afetou 10 países e causou a morte de 11.315 dos 28.637 contagiados. A própria agência da ONU avalia, porém, que o balanço oficial está abaixo da realidade. A Libéria foi um dos países mais afetados pela epidemia e o último a se livrar dela. Segundo o ministro da Defesa liberiano, Brownie Samukai, o país “viu ameaçada sua própria existência”.