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Exploração sexual de crianças e adolescentes só tem 20% dos casos denunciados

O Disque 100 recebeu no ano passado 5,4 mil denúncias

Agência Brasil
Denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes representam apenas 20% desse tipo de violência no Brasil.
Essa é a estimativa do governo, segundo o coordenador geral de Proteção à Infância do Ministério do Turismo, Adelino Neto, que está no Rio de Janeiro para alertar moradores de comunidades carentes sobre o turismo sexual. Nesta terça-feira (02/12) profissionais dos ministérios do Turismo e da Saúde falaram a moradores da Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, sobre formas de prevenção e enfrentamento da violência no contexto do turismo.

“Não temos o número efetivo da exploração sexual. Queremos que as pessoas denunciem mais. As pessoas estão mais conscientes, mas por questões de preconceito e machismo, que ainda existem, muitas pessoas não denunciam”, disse Neto.

O Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República, recebeu no ano passado 5,4 mil denúncias, sendo cerca de 430 somente no Rio. No primeiro semestre de 2015, as violações contra crianças e adolescentes lideraram as denúncias de direitos humanos.

“Com as Olimpíadas de 2016, teremos um grande fluxo de turistas e queremos tirar das sombras da violência meninos e meninas. Não podemos permitir que existam, por exemplo, pacotes turísticos oferecendo serviços de acompanhantes de crianças e adolescentes. Isso é um absurdo”.

Dados recentes do Instituto de Segurança Pública do Rio, apontam que 70% das vítimas de violência sexual no estado são menores de idade.
Para a coordenadora interina do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) no Rio de Janeiro, Priscilla Pires, o turismo sexual no estado ainda é muito grave e os casos aumentam na alta temporada. “A exploração sexual é velada. É preciso uma campanha maciça de educação, nas escolas, com as famílias, nas praias, na mídia, em locais de maior incidência, no curto, médio e longo prazos”, disse Priscilla, ao ressaltar que, além de conscientizar a população sobre o turismo sexual, é fundamental fortalecer a rede de proteção das crianças e adolescentes. “O sistema de prevenção ainda e muito amador. É preciso mais suporte, com articulação mais integrada, um canal de comunicação maior entre os atores envolvidos. Às vezes, essas pessoas não conseguem se falar e acompanhar a situação”, lamentou.

O Disque 100 funciona 24 horas e a denúncia é anônima. Além do dique 100, foi criado um aplicativo no celular Proteja Brasil que dá localização e o acesso aos equipamentos públicos e serviços sociais de proteção integral dos direitos de crianças e adolescentes brasileiros. Adelino acredita que as ações de enfrentamento aumentaram muito, tanto coercitivas, com apoio policial, como de conscientização e capacitação do setor. “O Brasil está endurecendo o jogo. Temos campanhas e nenhum tipo de exploração de crianças e adolescentes será tolerado no setor de turismo”.
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