Saúde

SUS é considerado ruim ou péssimo por 54% dos brasileiros

Pesquisa realizada pelo Datafolha e encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra que o tempo de espera para ter acesso a um procedimento é a principal queixa em relação ao Sistema Público de Saúde

Da redação

Dois em cada dez entrevistados atribuíram nota zero tanto para os serviços de saúde da rede pública quanto privada no país
Pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CMF) ao Instituto Datafolha revela que 54% dos brasileiros consideram ruim ou péssimo os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e 86% afirmou já ter procurado atendimento na rede pública, seja para si próprio ou para alguém da família.


O levantamento ouviu 2.069 pessoas – 59% delas residentes no interior – entre os dias 10 a 12 de agosto. A amostra é composta por homens e mulheres com idade superior a 16 anos e mostra a opinião dos brasileiros em relação ao SUS e à rede privada. Cerca de dois em cada dez entrevistados atribuíram nota zero tanto para os serviços de saúde da rede pública quanto privada. Quando a avaliação de ruim ou péssimo considera a saúde no Brasil como um todo, o percentual de insatisfeitos é de 60%. Clique aqui e acesse a pesquisa na íntegra.

De acordo com o levantamento, a saúde no Brasil é apontada por 43% como tema que deveria ser tratado como prioridade pelo Governo Federal. Na sequência apareceram educação (27%), combate à corrupção (10%), combate ao desemprego (7%), segurança (6%) e combate à inflação (3%). Moradia, transporte e meio ambiente apareceram, todos, com menos de 2% na pesquisa.

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Rede pública
O tempo de espera para ter acesso a um procedimento é a principal queixa que afeta o SUS: 36% avaliaram que a demora é o que mais prejudica o atendimento na rede pública. Em seguida, o baixo número de médicos (19%), a falta de estrutura (15%) e de organização (9%). Esses dados se referem aos 54% que avaliaram o SUS negativamente.

Já para os que deram notas positivas ao Sistema Único de Saúde (46%), a pouca demora (19%), a disponibilidade dos médicos (17%), o cuidado dispensado por esses profissionais (15%) e a estrutura existente (11%) ajudaram no processo.

Tempo de espera
Dos entrevistados, 29% declararam estar à espera de atendimento na rede pública. Deste grupo, 36% aguardavam para fazer consultas, 33% buscavam exames e 28% cirurgias. A mesma pesquisa foi encomendada em 2014 pelo CFM e, neste aspecto, o que se destaca quando se compara os dois momentos é o aumento do volume daqueles que estão na fila por uma resposta do SUS há mais de seis meses. O índice passou de 29%, no ano passado, para 41%, em 2015.

Não por acaso, o tempo de espera para atendimento é o fator que tem pior avaliação no âmbito do SUS. Para 89% dos entrevistados, esta dimensão merece notas que representam os conceitos péssimo, ruim ou regular. Na sequência aparecem os seguintes aspectos: quantidade de médicos (85% de avaliação negativa), qualidade da administração das unidades (83%) e quantidade de leitos de internação ou de UTI (81%).

Problemas de gestão
Para a maioria da população (77%) o governo tem falhado na gestão dos recursos da saúde pública. Na opinião de 53% dos entrevistados, o SUS não tem recursos suficientes para atender bem a todos, de forma equânime. Por outro lado, é elevada a concordância com a ideia de que os médicos precisam de estrutura para trabalhar (93%) e que merecem ser valorizados (86%).