Saúde

Ter boa saúde é essencial para chegar à velhice com autonomia e independência

Pesquisa com 989 pessoas, em todas as regiões do país, apontou que esta é uma das maiores preocupações na vida atual

Lia Vale, de 78 anos, passa quatro horas na academia, onde cuida da saúde, mas também investe nas relações pessoais



Problemas de saúde, limitações físicas, solidão e dificuldades de memória são os principais temores da população em relação à maturidade. O dado é da pesquisa “Como os brasileiros encaram o envelhecimento”, levantamento inédito do Instituto QualiBest que faz parte da campanha “Envelhecer sem vergonha: qualidade de vida não tem idade”, iniciativa para entender como o brasileiro enxerga o envelhecimento, fenômeno cada vez mais acelerado.


Foram ouvidas 989 pessoas em todas as regiões do país, com idade entre 18 e 61 anos ou mais. Apenas 9% dos entrevistados afirmam não ter qualquer receio em relação ao envelhecimento. Preocupações financeiras, item ressaltado por 52% dos entrevistados, e distanciamento dos familiares, resposta de 37% dos ouvidos, também são fortes temores, tal como a possível diminuição da atividade e do desejo sexual.

A saúde também foi o aspecto mais lembrado (seguido de segurança financeira, paz interior, poder viajar e ter boa aparência) quando questionados sobre o que é mais importante na vida atual. Para a maioria, o essencial é ter boa saúde, mas os jovens são os que menos se preocupam com esse fator. A prevenção a doenças, por sua vez, é o item mais associado à longevidade na visão de 39% dos entrevistados, assim como ter uma alimentação saudável (36%), praticar atividade física (35%) e dar atenção à saúde mental (30%).

As percepções do brasileiro sobre os cuidados com a saúde mostram que a maioria dos entrevistados concorda com a ideia de que é necessário preocupar-se com a alimentação e fazer os exames médicos de rotina desde cedo, entre 18 e 25 anos. Por outro lado, na prática, essa é a faixa etária que menos cuida da saúde preventiva: apenas 35% dos entrevistados o fazem, percentagem que sobe para 47% entre as pessoas de 36 a 50 anos e chega a 59% naquelas com mais de 51 anos.

Lia Vale, de 78 anos, está fazendo sua parte. São pelo menos quatro horas diárias da academia. Mas além de cuidar do corpo, o compromisso é uma diversão: é nesse momento que ela se encontra com parte das amigas. A outra é num joguinho semanal de buraco. Cuidar da rede de relacionamentos é uma das frentes de quem quer chegar à maturidade tendo com quem se divertir e com quem contar. A professora aposentada, nesse quesito, estaria com pontos de sobra. É ela inventar uma viagem pra todo mundo querer ir atrás.

Idosos mais saudáveis são também mais autônomos e independentes. Tornam-se, ainda, mais ativos e interessados no convívio social e na vida. “É uma fase de redescobertas. Tudo, até mesmo o namoro e a sexualidade, ganha novas perspectivas. Talvez a pessoa não tenha a mesma agilidade ou capacidade visual e auditiva de antes, mas também poderá aproveitar a vida, encontrar novas e surpreendentes possibilidades”, acredita a psiquiatra Rita Cecília Ferreira, do Programa da Terceira Idade do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP)