Saúde

Conheça a antiginástica que promete alinhar mente e corpo

Método é uma pedagogia física que trabalha bloqueios de vários tipos. Na prática, lembra uma aula de alongamento, com um efeito muito transformador para os praticantes

Revista do CB

Com foco em autoconhecimento e equilíbrio, a antiginástica traz um conceito diferente de atividade física. Sobretudo, a atividade não é apenas um exercício — é um trabalho pedagógico. As sessões de antiginástica trazem uma variedade de movimentos suaves, que proporcionam consciência corporal e despertam questões psicológicas.


A ideia é que a pessoa relaxe totalmente a musculatura superficial e profunda para corrigir defeitos posturais. “Os músculos são as paredes do nosso corpo. Veem tudo e não esquecem nada”, define Isabel Nabuco, profissional de antiginástica e terapia alternativa. Aprofunda-se a percepção de cada membro e trabalham-se os músculos das costas. “Lá encontramos as tensões e as fibras. É preciso liberar o estresse para colocar o corpo em ordem e desenvolver a musculatura”, analisa a especialista.

Conhecida desde a década de 1970, a técnica foi divulgada primeiramente pela autora francesa Thérèse Bertherat. Ela escreveu o best-seller O corpo tem suas razões e mais cinco obras sobre o tema. Hoje, a técnica é aplicada em mais de 20 países. Qualquer pessoa pode aderir, a não ser que tenha alguma limitação séria para exercícios em geral.

Claudia Chabalgoity, 44 anos, é ex-atleta e viu sua vida mudar após a antiginástica. Ela conta que conheceu a abordagem por meio de uma amiga, há 2 anos. “Eu era atleta e, claro, sofria muita pressão. Tem a questão dos traumas corporais também”, conta. A maior dificuldade era a ansiedade. “Eu vim de um ritmo muito acelerado. Sofri muito com essa cobrança que todo atleta tem. Além (do alívio) das tensões musculares, eu mudei muito quanto à ansiedade”, afirma Claudia.

Sobre o autoconhecimento, Chabal garante: “Eu já tinha a questão de me conhecer porque o esporte trabalha isso em você. Mas, com essa pedagogia, eu encontrei uma nova forma de me enxergar. Eu conheci meus limites”. A atividade também ajudou a diminuir as dores no corpo e ela diz que, em termos de relaxamento, foi a melhor atividade que já experimentou. “Eu me sinto mais leve, mais equilibrada, até mesmo para outras atividades. Faço caminhadas e exercícios de baixo impacto. Inclusive, sono mudou. Hoje, durmo muito melhor.”

Principais benefícios

  • confiança
  • consciência corporal
  • autoestima
  • autoconhecimento
  • melhor qualidade do sono
  • melhor respiração
  • melhor circulação
  • postura
  • preparação para outras atividades físicas
  • redução da ansiedade


Indicação para

  • hérnia de disco
  • dores musculares
  • problemas posturais
  • artrite
  • enxaqueca

Origem contestadora
O nome “antiginástica” gera muita confusão. Pois saiba que a antiginástica não é contra a ginástica. Muito pelo contrário. O termo foi criado na época da antipsiquiatria, quando os herdeiros do maio de 1968 francês questionavam padrões sociais. É importante entender a história para aprender a essência da pedagogia.

Thérèse Bertherat era contra a abordagem corrente dos exercícios físicos e resolveu desenvolver um novo modo de alongamento. Para a criadora, o importante não era adestrar o corpo nem esculpir uma forma. Em vez disso, queria resgatar a forma natural do corpo. “Thérèse criou o termo pois não aceitava o corpo sendo tratado como uma máquina. Muitas vezes, impomos um ritmo que nossa cabeça suporta, mas o físico não acompanha. É uma ligação direta com o psiquismo”, detalha Isabel Nabuco.

A frequência é uma diferença notável. A antiginástica é praticada apenas uma vez por semana. “É um trabalho de consciência corporal, com o objetivo de colocar o corpo no eixo”, explica. “Além das cadeias musculares, olhos, boca e língua são trabalhados. Durante as sessões, conversamos bastante. Isso faz muita diferença no resultado final”, afirma Nabuco.

Outra ideia central na pedagogia é que existe uma memória corporal, ainda que as células se renovem constantemente e as lesões seja efetivamente curadas. Trata-se de um mecanismo regido pela mente. “Algumas pessoas não conseguem fazer alguns exercícios por fatores emocionais. A antiginástica trabalha nesses pontos de bloqueio”, explica o ortopedista Julian Machado. “Existem doenças que comprovam como o corpo comanda a mente. A síndrome do pânico é um exemplo claro disso”, complementa o médico.