Saúde

Impacto global do diabetes: doença demanda tratamento caro para pacientes e governos

Doença compromete a qualidade de vida 383 milhões de pessoas em todo o mundo

Paloma Oliveto

Doença que afeta 383 milhões de pessoas em todo o mundo, o diabetes 2 impacta não só a saúde, mas também o bolso dos pacientes. Um estudo divulgado hoje pela Universidade de East Anglia, na Inglaterra, demonstra que, justamente nos países pobres e em desenvolvimento, se gasta mais com tratamento. Também há um preço indireto pago por quem tem a doença: em muitas nações analisadas, a enfermidade está associada à redução nas chances de emprego e até mesmo no salário.


A pesquisa, publicada na revista especializada PharmacoEconomics, é resultado de uma revisão de 109 artigos sobre os impactos econômicos do diabetes realizados em países de alta renda e naqueles de baixa/média renda. Em alguns casos, como o do Brasil, os autores não incluíram pesquisas individuais, mas regionais, como o boletim da Organização Mundial da Saúde Custos do diabetes na América Latina e no Caribe. Mas um levantamento de 2007 da Sociedade Brasileira de Diabetes dá pistas sobre a dimensão econômica da doença no país: por ano, um paciente custa R$ 5,2 mil ao Sistema Único de Saúde, gasto que aumenta para R$ 12 mil no caso de tratamento privado.
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“Esse impacto varia muito de um lugar para o outro, mas, de forma geral, podemos dizer que o custo direto do diabetes está bastante associado ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita”, conta Till Seuring, principal autor do estudo inglês. A matemática expõe graves distorções sociais: quanto mais pobre um país, mais alto é o preço que se paga pelo tratamento.

No Paquistão, embora os valores anuais investidos em tratamento não pareçam tão grandes — US$ 700 —, eles consomem 18% da renda dos doentes. Na Índia, um dos países em que a epidemia de diabetes mais cresce devido à rápida urbanização , os pacientes investem US$ 1,8 mil anuais com consultas, remédios e internações.

“Mesmo dentro de um só país, as diferenças socioeconômicas estão associadas a custos mais altos. Na Índia, os pobres gastam mais com tratamento em relação ao que ganham. O mesmo acontece quando se compara as populações urbanas e rurais, com essas últimas sendo mais penalizadas”, observa Marc Suhrcke, pesquisador de economia da saúde da Universidade de Nova York e participante do estudo.

Carreira

Independentemente do PIB per capita das nações, a revisão de pesquisas detectou impactos negativos do diabetes no mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, as chances de emprego para uma mulher com a enfermidade caem quase pela metade comparado àquela com o mesmo nível de escolaridade e sem o problema. Por ano, elas também perdem US$ 21.392 de salário.

No restante do mundo, os homens são os mais penalizados na carreira. Na ilha chinesa de Taiwan, por exemplo, um homem com diabetes tem 19% de chance de estar desempregado, mesmo percentual detectado no Canadá. Na Inglaterra, o rendimento anual de um trabalhador com a doença sofre perdas de quase 900 libras .

De acordo com Suhrcke, o desemprego e o encolhimento dos rendimentos se devem a diversos motivos. “De forma geral, o paciente de diabetes pode precisar se afastar mais do trabalho por conta de consultas, crises e hospitalizações seja devido à doença, seja pelas comorbidades”, diz.

Ele cita um dos artigos consultados para fazer o estudo em que se constatou que, em uma população de 1,6 mil americanos com diabetes, 7% dos que estavam empregados haviam faltado cinco ou mais dias de trabalho no mês anterior à pesquisa. Na França, pessoas entre 35 e 60 anos perdem um ano de trabalho devido à doença.

Com uma projeção de 592 milhões de casos em 2035, os autores do artigo observam que é preciso investir precocemente em prevenção e manejo da doença para evitar grandes perdas econômicas. “Tanto para países ricos quanto para pobres, os resultados significam que essas ações têm o potencial não só de melhorar a saúde da população, mas também de proporcionar ganhos econômicos. Esperamos que nosso estudo ajude a aumentar atenção dos formuladores de políticas públicas”, escreveram.

Refri diet aumenta gordura abdominal
Adultos com mais de 65 anos devem reduzir o consumo de refrigerante dietético, alerta um estudo publicado no Jornal da Sociedade Americana de Geriatria. A pesquisa detectou que, mesmo sem açúcar, essa bebida está diretamente associada a uma maior obesidade abdominal, levantando a preocupação de que o refrigerante diet contribua bastante para o risco de síndrome metabólica e doenças cardiovasculares. O estudo foi feito com 749 pessoas. Entre as que tomavam esse tipo de bebida regularmente, o aumento da circunferência abdominal em 9,4 anos de investigação foi de 2,11cm. Já os que não tomam refrigerante diet observaram um aumento de 0,77cm.