Tempero exótico: curcumina pode bloquear memórias ruins

Experimento feito em ratos mostra que a curcumina tem a propriedade de impedir a consolidação de memórias ruins. Cientistas pretendem agora realizar testes em humanos

por Gabriella Pacheco 15/01/2015 10:00

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(foto: reprodução internet)

E se você pudesse apagar uma memória ruim? A ideia é tão atrativa que no cinema não é novidade. Talvez o mais clássico exemplo disso seja o filme americano “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” (2004). Protagonizado por Jim Carrey e Kate Winslet, o longa conta a história de um casal que, marcado por fracassos e desilusões, recorre a um procedimento experimental para, literalmente, apagar da memória a existência um do outro. Dez anos após o lançamento, a ideia do procedimento continua só na ficção, mas a possibilidade de controlar medos provenientes de experiências ruins pode não demorar a chegar.

Um estudo feito por pesquisadores da Hunter College, da City University de Nova York, descobriu na curcumina, composto encontrado no açafrão, o potencial para tratar o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Comum em pessoas que sofreram episódios de extrema violência, como vítimas de guerras, desastres, estupro e abuso sexual, esse distúrbio da ansiedade é caracterizado por sintomas físicos e psicológicos, que impedem seus pacientes de retomarem com a vida normal.

A proposta do estudo foi submeter ratos a algo igualmente traumático. Nos testes iniciais, os pesquisadores comprovaram que a curcumina ajuda a retardar o processo de resgate da memória do medo, atenuando as más lembranças. “A curcumina impediu efetivamente a reconsolidação da memória do medo, e o efeito foi muito duradouro”, disse o líder da pesquisa Glenn Schafe à revista Time. “Pareceu, na nossa opinião, informação muito convincente de que memórias do medo foram perdidas de maneira durável”, completa.

Os cientistas ainda desconhecem como a curcumina consegue exercer essa influência, mas suspeitam que possa estar relacionado à capacidade anti-inflamatória da especiaria.

A nutróloga Jomara de Araújo explica que a curcumina tem valores significativos de cálcio, potássio, vitaminas A, C, D, B12, B6, Ferro, Magnésio, gorduras mono e poli-insaturadas, fibras e, em especial, vitamina K. “Suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes agregam valores profiláticos, prevenindo e auxiliando em doenças como mal de Alzheimer, câncer de próstata, mama, pulmão, melanoma, leucemia infantil, esclerose múltipla, depressão, artrite, artrite reumatoide, patologias cardíacas e distúrbios de coagulação”, afirma.

Na pesquisa americana, a dieta dos ratos usando no experimento foi enriquecida em 1,5% com curcumina. Enquanto os benefícios no tratamento do TEPT em humanos ainda não é confirmado, a nutróloga garante que doses pequenas e diárias do condimento podem trazer vários benefícios à saúde.

Tempero poderoso
Na culinária, a curcumina é utilizada como tempero, o que dá um toque exótico e aromático para as receitas. “Na culinária brasileira é mais comum no arroz com açafrão presente nos cardápios da cozinha familiar e até de grandes restaurantes”, relata Jomara.

Há mais de 2.500 anos ela vem sendo utilizada na Índia, de onde se espalhou para o mundo. Atualmente, ela é cultivada em muitas partes do planeta com clima quente e úmido. A curcumina é um dos ingredientes do Curry.