Saúde

Cada vez mais consumidos, saiba se os biscoitos integrais fazem realmente bem à saúde

Nutrólogo alerta que nem tudo que é industrializado é ruim

Lilian Monteiro

Corpo saudável, mente sã. A conquista desse equilíbrio exige alimentação de qualidade. Nessa busca, o cuidado com o que se consome tem de ser uma escolha diária. Cada vez mais ingeridos, os biscoitos com receitas ricas em cereais, leite, mel, cacau, avelã e vitaminas ganham evidência. Será que fazem bem? O nutrólogo e professor Carlos Alberto Nogueira de Almeida, da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp), explica quais características um biscoito precisa ter para ser considerado saudável. Antes, ele alerta a população de que nem tudo que é industrializado é ruim. O especialista afirma ser esse um conceito errado que prejudica tanto o consumidor quanto o produtor, já que bons produtos não são consumidos e a indústria fica desestimulada a pesquisar e produzir bons alimentos, perdendo o interesse, já que o gasto é maior. "Nós mesmos, médicos, falamos que o natural é sempre melhor. Mas é possível comer biscoitos industrializados sem fazer nada errado."


Alguns biscoitos apresentam em sua composição mais de 50% de cereais, têm vitaminas B1, B3 e E e são assados lentamente
Agora, o que o biscoito precisa ter para ser saudável? Conforme Carlos Alberto, a primeira exigência é entender que carboidrato não é ruim. Açúcares e farinhas têm de estar entre 50% e 60% presentes na nossa dieta, ou seja, o correspondente a metade das calorias. Os biscoitos são boas fontes. "Entretanto, a regra é: metade dos carboidratos têm de vir na forma integral. Isso vale para macarrão, arroz, pão e biscoito. Na composição do biscoito, é importante que a maior parte seja integral."

A segunda característica para a qual Carlos Alberto chama a atenção é a quantidade de gordura. "O produto livre de gordura não é bom. Dentro da alimentação, precisamos consumir 30% de gordura, desde que seja a saudável e balanceada. A saturada, polissaturada e monossaturada têm de estar em equilíbrio. A trans fica de fora, está vetada." O mesmo raciocínio é levado em conta para o uso do sódio (sal). "Ele é um nutriente importante para a saúde e tem de estar presente. Aliás, sua falta ou escassez traz mais malefícios do que benefícios. Precisamos dele para viver. Porém, tem de ser na quantidade adequada. Em doses pequenas, com baixo percentual. Ele é essencial, já que o sódio dá sabor, o ponto da massa e é conservante."

Carlos Alberto destaca outra faceta fundamental para o consumo do biscoito saudável: ser funcional. "É quando o produto, além de nutrir, agrega outra função e traz mais benefícios à saúde. É tendência. Por exemplo, o fitosterol na margarina significa que, além de passar no pão para dar sabor, o consumidor leva como brinde um produto que melhora o colesterol. O biscoito pode agregar fibras com características específicas, que vão melhorar o funcionamento do intestino."

Alguns biscoitos apresentam em sua composição mais de 50% de cereais, têm vitaminas B1, B3 e E e são assados lentamente. É o caso dos biscoitos belVita, marca de produtos integrais com cereais, de origem francesa, e que chegou ao Brasil em 2010. Com sabores de mel e cacau, aveia com leite, avelã com cacau e coco com gotas de cacau e cereais, também têm características funcionais.

Carlos Alberto Nogueira, nutrólogo: "É possível comer biscoitos industrializados sem fazer nada errado"
O diferencial é que o carboidrato de sua receita é de digestão mais lenta. Para o nutrólogo, os benefícios que essa característica carrega é que "traz saciedade pelo processo mais demorado, lento". Ele explica que essa ação é possível quimicamente. "E é fundamental diante de epidemia de obesidade. Mais de 50% das pessoas são obesas e muitas vezes apresentam quadro de diabetes. Produtos com essa característica investem no conceito de índice glicêmico baixo. Por isso é importante o consumidor ficar de olho nas informações dos rótulos dos alimentos."

Conforme o nutrólogo, o biscoito saudável tem a capacidade de ter mais benefícios quando há preocupação com a fortificação. "É quando se reconhece o perfil de deficiência nutricional de uma região e, baseado em dados, é feito um biscoito rico em ferro para consumidores com anemia. O importante é seja uma receita dirigida para aquela necessidade."