O Registro Brasileiro de Marcapassos, Ressincronizadores Cardíacos e Desfibriladores (RBM) está completando 20 anos. Esta base de dados nacional disponibiliza informações sobre os procedimentos de estimulação cardíaca efetuados em todo o país.
A doutora Stela Sampaio disse que no Nordeste houve redução do número de implantes de marcapassos, sem que houvesse diminuição da população. “O Brasil é um país que coloca menos marcapassos que o Uruguai, a Argentina e vários países menores. Comparando com Europa e Estados Unidos, aí é que os números ficam mais significativos”, ressaltou.
De acordo com o Censo Mundial de Marcapassos e Desfibriladores, o Brasil implanta 190 marcapassos por 1 milhão de habitantes, enquanto, no Chile, esse número sobe para 216; na Argentina para 382; no Uruguai para 578; e em Porto Rico, para 606 marcapassos por 1 milhão de pessoas.
Nos Estados Unidos, o censo revela que o total de marcapassos implantados supera 765 por 1 milhão de habitantes. Já na França, na Itália e na Alemanha, o total de implantes de marcapassos alcança, respectivamente, 1.019, 1.048 e 1.267 por 1 milhão de cidadãos.
“A gente tem batalhado para que isso seja amenizado, mas os governos, os gestores de cada região, não são sensíveis à resolutividade de um problema que não é difícil ”, ponderou Stela. Ela disse que existem médicos suficientes no país, bem como especialistas, inclusive em cidades do interior, mas não é liberada verba para que o problema dos pacientes possa ser resolvido. Isso faz com que muitos cardiopatas morram enquanto aguardam a liberação de nova verba para o implante.
A médica destacou a importância da implantação de marcapassos. Segundo ela, trata-se de um procedimento que “salva vidas e previne”. Ela esclareceu que além dos marcapassos convencionais, há outros tipos que melhoram a insuficiência cardíaca e evitam a morte súbita. “São tratamentos resolutivos. Não é um tratamento paliativo. A gente realmente consegue resolver o problema do paciente, melhorar a qualidade de vida, diminuir a mortalidade”. Stela Sampaio lamentou, entretanto, que muitos hospitais não apresentam capacidade de fazer procedimentos de alta complexidade, o que aumenta a fila de espera. “É um sofrimento para nós e para a população”.