Saúde

Para cada fase da vida do homem, um cuidado especial

Urologia, dermatologia, nutrologia, ortopedia e cardiologia devem fazer parte da rotina de consultas dos homens

Rafael Campos

Após os 20 anos, as visitas ao urologista devem se tornar regulares por conta do risco de tumores nos testículos
1 - UROLOGIA



Infância:
Na primeira fase da vida, é preciso analisar se os testículos do bebê estão posicionados corretamente no saco escrotal, o que deve acontecer até 1 ano e meio.
Até os 3 anos, a pele que recobre a glande deve se desgrudar dela. Caso isso não aconteça, é preciso operar. A fimose, quando não tratada, está associada a problemas como o câncer de pênis no futuro e aumentos dos casos de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo HPV.

Adolescência:
O primeiro cuidado é a orientação em relação ao uso de camisinhas para prevenir doenças sexualmente transmissíveis.
Nessa fase, também podem aparecer os sintomas de varicolece, que são varizes no cordão espermático. A doença leva ao aumento da temperatura na região, ao mau desenvolvimento testicular e, em alguns casos, até à infertilidade.

Adultos:
Após os 20 anos, as visitas ao urologista devem se tornar regulares por conta do risco de tumores nos testículos. Também é preciso analisar o saco escrotal para que o médico saiba se o paciente tem varicocele.

A partir dos 40 anos:
Nessa idade, o foco são os distúrbios hormonais. É quando se torna obrigatória a visita ao urologista, principalmente para avaliação precoce do câncer de próstata, ainda mais em pacientes com histórico familiar. O exame do PSA (Prova do Antígeno Prostático) analisa a quantidade dessa substância no sangue. Caso ela esteja elevada, o médico sugere novas análises — bem como o toque retal — para descobrir se, de fato, o homem está com câncer de próstata.
Também a partir dos 40 anos é que os distúrbios da sexualidade humana, que no caso do homem envolvem a incapacidade de ter ou manter uma ereção, ficam mais evidentes. A maioria dos casos tem tratamento.

Entre os 50 e os 60 anos:
A queda dos níveis de testosterona traz sintomas como irritabilidade e enfraquecimento dos músculos. É preciso procurar tratamentos de reposição hormonal.

Fontes: Aguinaldo Cesar Nardi, presidente da SBU e Rômulo Maroccolo, diretor da SBU em Brasília.

2 - DERMATOLOGIA

Independentemente da idade, a melhor forma de manter uma pele jovem é cuidando da saúde de forma global. Ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos, evitar o álcool e não fumar são as principais atitudes de quem quer ter uma pele saudável. "O homem tem uma pele mais resistente que a mulher, mas, como ela, deve evitar o excesso de exposição ao sol, em qualquer idade, para não correr o risco de desenvolver o câncer de pele", afirma o dermatologista Gilvan Alves.

Infância:
Já nessa fase, o uso do protetor solar é obrigatório. Outro ponto importante é o cuidado com a alimentação: mesmo nas crianças, a obesidade causa um esticamento da pele que terá repercussão na idade adulta.


Adolescência:
Por ter uma pele mais espessa e com maior número de anexos cultâneos no rosto, os homens têm uma tendência maior à acne. Para evitar cicatrizes, o importante é tratar o problema logo no início, com laseres, como o de CO², e a luz intensa pulsada, diminuindo os riscos de marcas.


Idade adulta:
De acordo com Gilvan Alves, o sexo masculino não quer saber de tratamentos demorados de combate à velhice, preferindo aqueles mais imediatos, como o botox e os laseres. Contudo, é nessa fase que uma das maiores preocupações deles aflora: a calvície. De acordo com o dermatologista, o processo começa, para 80% dos que são afetados, entre os 18 anos e os 25 anos. "Os implantes, hoje, dão o melhor resultado. Mas há também tratamentos orais e tópicos."

Fonte: Gilvan Alves, dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

3 - NUTROLOGIA

Infância:
A formação do paladar começa aqui. Nessa idade, os pais devem ficar atentos ao que dão aos filhos, pensando nos reflexos dessa dieta nas fases seguintes.


Adolescência:

O adolescente do sexo masculino tem um estirão mais tardio que o das meninas. Dessa forma, precisam se alimentar de fontes de proteínas, como as carnes magras, e também de carboidratos, como arroz, batata, cereais e massas.


Dos 20 aos 30 anos:
Faixa de consolidação do desenvolvimento hormonal e muscular, ela exige uma manutenção do suporte de carboidratos, mas com maior controle, já que a temporada de crescimento cessou. Também é preciso cuidado com o consumo de bebidas alcoólicas.


Dos 30 aos 40 anos:
A maior preocupação do homem passa a ser o sedentarismo. A procura por nutricionistas e nutrólogos deve acontecer de forma mais regular, não só para analisar os níveis de gordura corporal , mas para montagem de dietas a partir das características de cada homem.

Eles precisam também ficar mais atentos aos horários das refeições, principalmente aqueles com maior predisposição a engordar.


Dos 40 aos 50 anos:
A dieta deve continuar regrada, agora focando na perda de musculatura que o corpo tem com o avanço dos anos. A alimentação precisa ser rica em cálcio e proteínas.

Fonte:
Liliane Oppermann, nutróloga.

4 - ORTOPEDIA

Nessa especialidade, não há exames específicos para cada idade. Contudo, o ortopedista Rogério Vidal diz que é cada vez mais comum homens na faixa dos 40 anos procurarem os consultórios para saber se estão preparados para a atividade física. "Não há exame específico para analisar essa possibilidade. O que sugerimos é que eles procurem orientação profissional para que possam ser avaliados, evitando lesões."

As atividades físicas são necessárias em qualquer idade e o risco das lesões não pode ser relacionado com a idade do homem. "O mais importante é ter controle sobre o esforço, sem abusar do próprio corpo." As avaliações envolvem a coluna, o joelho, relacionando ao peso do paciente.

Rogério diz que, neles, a osteoporose é mais tardia, o que faz com que os homens possam demorar mais tempo para começar a se preocupar com a reposição do cálcio. "Pacientes com atividade física regular têm menos problemas de disfunção erétil."

Fonte: Rogério Vidal, ortopedista.

5 - CARDIOLOGIA

A partir dos 20 anos:
O homem já deve começar a se preocupar com o controle dos níveis de glicerídios, triglicerídios e colesterol. É aqui que a medicina preventiva deve começar a atuar, principalmente naqueles que têm histórico familiar de problemas cardiovasculares.


A partir dos 30 anos:
Os homens devem procurar uma avaliação ergométrica que possa ajudar na indicação de uma atividade física ideal, muito importante nesse fase da vida, além do controle de peso e da orientação nutricional.


A partir dos 40 anos:
Além de avaliações físicas, devem ser feitas avaliações funcionais, anatômicas e estruturais do coração.


Acima 50 anos:
O homem deve procurar anualmente o cardiologista. Também precisa ficar atento aos níveis de ácido úrico. Recomenda-se analisar a formação de placas de gordura nas coronárias, focando diminuir os riscos de doenças cardiovasculares.

Fonte: Ana Cristina Ludovice, cardiologista na Clínica Vivid e membro da Sociedade Brasileira de Arritmologia.

6 - PEDIATRIA

O pediatra é o primeiro médico a ter contato com o bebê. Ele deve estar apto a identificar quaisquer anomalias na anatomia e na saúde da criança e, se preciso, encaminhá-la para a especialidade mais indicada ao tratamento. Ainda dentro do útero, podem ser diagnosticadas doenças no trato urinário, identificadas por meio de ultrassonografias.

Anormalidades no pênis e nos testículos não são tão raras nessa faixa etária. Os mais comuns são: hérnias inguinais (na região da virilha); hidroceles (acúmulo de líquido no escroto, que deve ser absorvido até 1 ano de idade); inflamações dos testículos (orquites); irregularidade na posição dos testículos, popularmente identificados como "mal descidos"; e as hipospádias, que são doenças que afetam, em graus variados, a anatomia de diferentes partes do pênis.

A maioria dos meninos apresenta, na infância, um problema facilmente identificável. A fimose é caracterizada por ser uma doença do prepúcio (a pele que recobre o pênis) e sua principal causa são as lesões inflamatórias ou traumatismo locais, frequentemente resultado na manipulação da pele para facilitar a higiene.

A maioria das doenças acima tem indicação de tratamento cirúrgico. Assim, ao ser diagnosticado o problema, o pediatra deverá encaminhar a criança para a avaliação de um cirurgião.

Fontes: Hélio Buson Filho, cirurgião e urologista pediátrico, e Samuel Dekermacher, membro da Sociedade Brasileira de Urologia e urologista pediátrico.