Saúde

Ministério da Saúde alerta que apenas 1,9% da população é doadora de sangue

O ideal para suprir as necessidades seria que esse índice subisse para 3%. Até quatro pessoas podem ser beneficiadas com uma doação e o SUS ampliou controle sobre qualidade de sangue doado

Agência Brasil

A quantidade de sangue colhida não afeta a saúde do doador, a recuperação é imediata. Na hora de doar, todos passam por uma entrevista que tem o objetivo de dar mais segurança ao doador e aos pacientes que receberão a doação. O sangue doado é testado para doenças como hepatite B, hepatite C, HIV, HTLV, sífilis e doença de Chagas
No Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado nesta sexta-feira, o Ministério da Saúde alerta que apenas 1,9% da população doa sangue. O ideal para suprir as necessidades seria que esse índice subisse para 3%. Até quatro pessoas podem ser beneficiadas com uma doação. Para o técnico administrativo Jarbas Rocha, doar sangue é uma rotina. Há cerca de 30 anos, ele doa três ou quatro vezes por ano. “Comecei a doar porque alguém do trabalho precisou, depois continuei doando já que sempre tem alguém precisando”.


Foi vendo o pai doar que o analista de sistemas Raoni Rocha, filho de Jarbas, também resolveu, aos 18 anos, adotar essa rotina. “É só uma picadinha, não dá para assustar. Vale a pena, ajuda muita gente”, disse. “Quando a gente precisa é que vê o quanto é importante fazer a doação rotineira”, lembrou o fisioterapeuta Lívio Fortes, que há três anos teve dengue hemorrágica e precisou receber planquetas - as células do sangue cuja função é ajudar na coagulação, evitando sangramento em excesso. “Como eu era doador, tinha prioridade para receber a transfusão, mas meu sangue não é muito comum e não tinha em estoque, o AB positivo, e meus amigos correram atrás de doadores compatíveis”, lembrou.

A quantidade de sangue colhida não afeta a saúde do doador, a recuperação é imediata. Na hora de doar, todos passam por uma entrevista que tem o objetivo de dar mais segurança ao doador e aos pacientes que receberão a doação. O sangue doado é testado para doenças como hepatite B, hepatite C, HIV, HTLV, sífilis e doença de Chagas.

Podem doar pessoas maiores de 18 e menores de 68 anos, que tenham mais de 50 quilos. Jovens com 16 ou 17 anos também podem doar, desde que tenham autorização do responsável legal. No dia da doação, é preciso apresentar documento com foto, emitido por órgão oficial e válido em todo o território nacional.

Para incentivar a doação entre os jovens, universidades promovem 'trotes solidários', como o Uni-BH agora em 2013. Podem doar pessoas maiores de 18 e menores de 68 anos, que tenham mais de 50 quilos. Jovens com 16 ou 17 anos também podem doar, desde que tenham autorização do responsável legal.
Mulheres grávidas, que tiveram parto normal há menos de 90 dias ou cesariana há menos de 180 dias ou que estejam amamentando, ficam temporariamente impedidas de doar sangue. Pessoas resfriadas devem esperar o desaparecimento dos sintomas e quem fez tatuagem deve aguardar 12 meses para fazer a doação.

De acordo com o Decreto-Lei 5.452, o doador tem direito a um dia de folga no trabalho a cada 12 meses trabalhados, desde que a doação esteja devidamente comprovada. Esse direito também se estende ao funcionário público civil de autarquia ou militar, conforme preconiza a Lei Federal 1.075.

SUS amplia controle sobre qualidade de sangue doado
O Ministério da Saúde incorporou, nesta quinta-feira, o teste ácido nucleico (Nat) na triagem sorológica do doador do Sistema Único de Saúde (SUS). A medida foi publicada no Diário Oficial da União e passa valer em 180 dias. O teste detecta agentes químicos capazes de desenvolver doenças, sobretudo dos vírus HIV e da hepatite C, em períodos menores do que testes convencionais.

O sangue recebido dos doadores passa por testes. São exames relacionados a doenças infecciosas possíveis de serem transmitidas via transfusão. Esta etapa tem o objetivo de garantir a segurança do paciente que vai receber o sangue. O objetivo do ministério é analisar até 3,5 milhões de bolsas de sangue anualmente, cobrindo integralmente a hemorrede pública brasileira.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, Carmino Antonio Souza, o teste adotado na Europa Ocidental, América do Norte e Ásia encurta o prazo de detecção no sangue doado dos vírus HIV de 22 para sete dias e, da hepatite C, de 70 para 11 dias em média. "Um dos maiores desafios da hemoterapia em todo o mundo é encurtar cada vez mais a janela imunológica, período em que vírus permanece indetectável em um indivíduo", comentou ele. A associação comemorou a incorporação do teste ao SUS, mas cobra do Ministério da Saúde a obrigatoriedade do teste Nat em todo o país, inclusive na saúde complementar (planos e operadoras de saúde particulares).

O gerente do Programa de Reativos para Diagnósticos de BioManguinhos, Antônio Gomes Pinto Ferreira, explicou que o Nat brasileiro, produzido desde 2010, está em permanente aperfeiçoamento. “Nosso Kit identificou mais de dez janelas imunológicas de 2,5 milhões de bolsas de sangue triadas. É um dado muito robusto, que mostra que o Nat brasileiro cumpre com o papel a que se propõem de contribuir e ampliar a segurança transfusional no Brasil”, disse ele. O gerente da BioManguinhos informou que atualmente o Nat brasileiro detecta HIV e hepatite C. Os vírus da hepatite B e da dengue serão os novos alvos do teste.