Como os custos com a imunização nos primeiros meses de vida são mais altos, o ideal é pensar bem antes de adotar ou comprar um animalzinho, para não correr de oferecer condições inadequadas a ele.
O médico veterinário Andrei Nascimento, gerente Técnico da MSD Saúde Animal, explica que 70% dos pets que morrem antes dos 3 anos de idade são vítimas de doenças infecciosas, que seriam facilmente prevenidas com a vacinação. “Para citar alguns exemplos, os cães sofrem com parvovirose, cinomose, lepstopirose; e os gatos podem contrair rinotraqueíte, panleucopenia e calcivirose, entre outras. As doenças podem levar à morte do filhote em pouco tempo”, alerta o especialista.
Os filhotes com menos de 5 meses exigem mais cuidados. Antes de completarem todo o protocolo de vacinas, eles não podem ser expostos a todos os desafios que o animal adulto enfrenta. “Não é recomendado que eles tenham contato com aglomerações de pessoas, parques e praças com grande fluxo de cachorros. Na medida em que os anticorpos fornecidos pelo leite materno vão perdendo seu efeito, eles estão muito expostos a infecções. O sistema imunológico ainda não está totalmente desenvolvido”, alerta o veterinário.
Além da vacina contra a raiva, os filhotes de cães e gatos devem tomar três ou quatro doses de vacina múltipla – a partir da sexta até a 16ª semana de vida. Cada dose deve ter um intervalo de três a quatro semanas. Depois disso, é fundamental o reforço anual.
Mas existem casos - e vacinas específicas – em que a imunização pode ser feita de forma precoce, com apenas 3 ou 4 semanas de vida. “Se um filhote tiver que viajar para outro estado ou país, por exemplo; ou se a mãe não teve leite ou morreu no parto; ou ainda se ele for introduzido em um ambiente antes habitado por um bicho que morreu em virtude de uma doença infecciosa, a vacina adequada à idade do filhote pode ser aplicada antes do período normal”, detalha Andrei.
O especialista explica que, principalmente nos casos em que o bichinho convive com crianças, os pais ficam muito ansiosos para adquirir outro animal. “A criança tem febre, chora durante a noite e sente saudade do animalzinho que faleceu. Mas o ideal seria procurar a orientação do veterinário antes de introduzir um novo animal. O problema é que a maioria das pessoas só procura depois que o bichinho está em casa”, alerta o médico veterinário. Os pais costumam levar o novo animal para casa durante a semana e só vão vaciná-lo dentro de alguns dias, o que pode expô-lo a alguma infecção no novo ambiente.
Uma dica para essa situação é, seja em casos de compra ou adoção, que os pais levem a criança ao abrigo/canil/gatil, escolham o novo mascote e informem ao filho que aquele será seu novo bichinho, mas que só irá para casa quando estiver com todas as vacinas em dia. A criança pode inclusive visitá-lo nesse período.
Durante essa fase mais crítica da vida do filhote – entre a sexta e a 12ª semana de vida – ele deve evitar alguns riscos, mas não pode deixar de socializar-se. “Em vez de levá-lo a uma praça ou parque, leve para a casa de um amigo ou parente que tenha outros animais saudáveis. É um risco mais bem calculado”, ensina o especialista.
Se o bichinho escolhido tiver mais do que cinco meses, será necessário fazer exames para avaliar se ao animal está saudável. Uma vez concluída esta etapa, duas doses de vacina múltipla – além da vacina antirrábica – são suficientes. E, é claro, o reforço anual.
Cuidados
Uma das preocupações dos tutores está na possibilidade de uma reação alérgica. “A vacina é produzida para não provocar reação. Mas, como cada animal reage de forma diferente, ela pode acontecer, principalmente na aplicação de vacinas múltiplas, que estimulam o sistema imunológico de maneira mais acentuada”, explica o veterinário.
A reação geralmente não passa de inchaço e dor local, o que pode ser resolvido com compressas quentes, na maioria dos casos, ou com a aplicação de anti-inflamatórios.
Andrei destaca, no entanto, que os benefícios da imunização são muito maiores do que a possibilidade de uma reação alérgica.
Hoje, já existem inclusive vacinas para gripe canina, que é uma doença muito contagiosa. Ela pode ser aplicada anualmente e está disponível na opção intranasal. “Essa forma dispensa a injeção, é indolor e de fácil aplicação. Nesta época do ano, em que os agentes infecciosos permanecem nos ambientes por mais tempo e os animais tendem a se aglomerarem, a vacina pode ajudar a evitar doenças respiratórias comuns”, diz o especialista.
Em relação a outros animais que estão se tornando mais comuns no Brasil, como os coelhos, a oferta de vacinas é mais restrita. “Na Europa, já existem vacinas específicas para os coelhos. No Brasil, temos apenas para furões (ou ferrets)”, explica o veterinário. Esses animais devem sempre ser levados ao veterinário para avaliar suas condições de saúde.
Andrei Nascimento faz uma palestra nesta sexta-feira (7) a partir das 14h, sobre 'Protocolos Vacinais e os Fatores que Podem Influenciá-los', dentro da programação da Expo Vet Minas 2013, que será realizada no Expominas (Av. Amazonas, 6030 - Gameleira, Belo Horizonte) até domingo. Mais informações pelo telefone (31)3444-9002 ou e-mail atendimento@expovet.com.br