Para o pediatra, hematologista e oncologista pediátrico do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo e do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Taufi Maluf Junior, a criança é considerada obesa quando tem massa corporal acima de 30. Ele informou que não adianta visar somente à criança, mas fazer uma reeducação do ponto de vista alimentar na família inteira. “Tem que modificar os hábitos de vida de toda a família. Então a primeira atitude a fazer diante de uma criança com obesidade mórbida, é promover uma grande reestruturação da vida familiar. Em alguns casos se usa medicamentos para controlar o apetite, mas na realidade a base do tratamento é a reeducação alimentar”, explicou em entrevista à Agência Brasil.
O médico disse que a obesidade muito acentuada, chamada de mórbida, prejudica a capacidade respiratória da criança e pode desenvolver algumas consequências metabólicas como aumento de colesterol e surgimento de diabetes tipo 2. Ele explicou que não há estudos suficientes que indiquem segurança na utilização de cirurgias bariátricas em crianças com este tipo de doença. “Em crianças a gente não tem nenhuma evidência de que o método seja seguro e que seja eficaz. A gente não tem meios para poder avaliar e instituir este tipo de tratamento”, completou
Segundo Abub Torquato Júnior, a doença é complexa e tem vários fatores que podem influenciar no seu desenvolvimento. “A medicina ainda está entendendo como esses fatores se somam para causar a obesidade. Porém a gente sabe que a obesidade pode ser influenciada, sim, por muitos fatores psicossociais”, disse.
O psiquiatra informou que alguns comportamentos podem apontar uma dificuldade da criança enfrentar a obesidade. “Em geral, as crianças mais jovens expressam menos o sofrimento psíquico. Elas não falam que estão sofrendo, que estão tristes. Normalmente expressam por meio do comportamento. Perder o interesse por coisas que gostavam antes. Muitos medos que ela não tinha mais começam a voltar”, ressaltou.
De acordo com o médico, “crianças que têm muita ansiedade e recusam para ir à escola é um sinal para os pais que algo não está legal”. Além disso, segundo ele, as alterações de sono, muitas dores pelo corpo, de cabeça e de barriga, os pais levam ao médico e não tem nada de errado, mas as dores continuam, isso também é um indicativo de que a criança pode estar passando por um sofrimento psíquico”, disse.
Para o psiquiatra, problemas psicológicos nas crianças podem estar associados tanto às causas da obesidade infantil, como ser uma consequência da doença. “As crianças obesas sofrem em relação à adaptação social e na escola, e isso pode levar a uma série de sintomas psíquicos e psiquiátricos”, completou.