Saúde

Entidade mineira investiga câncer hereditário e teste é feito de graça

A Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (ACCCom) acompanha atualmente 28 famílias

Simone Lima

Como a atriz Angelina Jolie, Kellen Ketrin optou por retirar os seios
Aos 24 anos, Kellen Ketrin Coelho Souza teve que tomar uma difícil decisão: diante da possibilidade de desenvolver pela segunda vez o câncer de mama, ela optou pela retirada dos seios. Assim como a atriz Angelina Jolie, a jovem tem predisposição genética para desenvolver a doença. Dois anos depois da cirurgia, ela diz se sentir aliviada por ter diminuído de 80% para 5% as chances de desenvolver um tumor. Hoje, toda a família da jovem é atendida pela Associação do Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (ACCCom), que tem sede em Divinópolis.


Tanto Kellen, quanto a irmã, irmão, primos e primas fazem parte do projeto Câncer Hereditário, desenvolvido desde 2007 pela Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas (ACCCom) e que hoje acompanha 28 famílias. O objetivo é prevenir e tratar casos em que as mutações celulares estão diretamente ligadas ao DNA.

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Kellen foi diagnosticada com câncer de mama aos 23 anos e teve de retirar um quarto do seio esquerdo. Na família, a mãe, avó, bisavó, tias e primas já haviam sido diagnosticadas com a mesma doença. Foi então que a jovem decidiu procurar uma clínica no Rio de Janeiro e fez um teste genético. “Descobri que havia alteração no meu gene BRCA1. Isso significava que meu câncer era hereditário e os exames apontaram ainda que eu teria 80% de chances de ter a doença de novo. Fiquei apavorada de me imaginar passando por todos os efeitos colaterais do tratamento. Fiz a retira dos dois seios e, na mesma cirurgia, coloquei os implantes de silicone”, lembra.

Um exame genético que identifica a possibilidade de haver uma síndrome hereditária na família custa entre R$ 3 mil e R$ 8 mil. Mas para os familiares de Kellen e das outras 27 famílias atendidas pela ACCCom, o teste é feito de graça. Por enquanto, o projeto consegue diagnosticar apenas os casos de câncer de mama e ovário, mas a expectativa é ampliar esse atendimento. A coordenadora Sara Lemos explica que a maioria dos casos que são acompanhados hoje foi indicada por oncologistas.

Sara Lemos conta que desde que Angelina Jolie anunciou que havia retirado os dois seios, porque tinha predisposição genética para o câncer, muitas pessoas procuraram a ACCCom, preocupadas com a possibilidade de desenvolver a doença. Para a oncologista do Hospital do Câncer de Divinópolis, Angélica Nogueira, a retirada dos seios deve ser feita quando há grande probabilidade da doença, como foi o caso da atriz norte-americana. “Mas vale lembrar que é uma situação que atinge o mínimo das mulheres. Apenas 5% a 10% dos casos de câncer de mama podem ter sidos causados pelo fator genético.”