Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) feita com 36 bebês de seis e sete meses comprova que por meio da resposta ao chamado do próprio nome é possível obter sinais importantes relacionados à acuidade auditiva, ao estágio do processo de aquisição da linguagem e à presença de transtornos do desenvolvimento como o autismo. “O teste de triagem de autismo faz essa pergunta entre 16 e 30 meses. No de fonoaudiologia, aos nove, mas muito antes disso já se consegue ter uma resposta do bebê”, explica a autora do estudo, a fonoaudióloga Aline Moreira Lucena. Mestre em ciências da saúde com ênfase na criança e do adolescente, ela conta que no piloto da pesquisa conseguiu obter resultados em crianças a partir de quatro meses. “Com essa idade eles reconhecem o som e já dão resposta para o chamado do nome”, afirma.
Responder ao próprio nome – desde que os pais o adotem – é um sinal de que o bebê está interessado pelo outro, que tem audição boa, que entende o som da palavra. “É um passo para a comunicação efetiva. Chamar pelo nome facilita o desenvolvimento da linguagem. Usar apelidos pode gerar um atraso”, afirma a especialista.
O simples ato pode provocar várias respostas dos pequenos: virar a cabeça em sentido à fonte sonora, permanecer atento à fonte sonora, interromper a ação, se acalmar, desviar o olhar em direção ao chamado e parar o choro.
A fonoaudióloga alerta que a partir do sétimo mês, se não há resposta ao estímulo, é importante os pais se atentarem para possíveis falhas no desenvolvimento da criança e buscar estratégias que facilitem a comunicação, além de procurar ajuda de profissionais especializados como fonoaudiólogo, otorrinolaringologista, pediatra, neurologista e psiquiatra infantil.
Desenvolvendo a linguagem
A criança aprende novas palavras a partir das que já conhece. Na prática, funciona assim: o bebê reconhece o som do próprio nome e a partir dessa informação, passa a diferenciá-lo de outras sonoridades. O interesse da criança aumenta em entender o que vem antes ou o que vem depois do que ele já conhece . Isso por que a assimilação se dá pela distinção, ou seja, reconhecendo o seu nome, a criança começa a compreender e conhecer outros sons e outras palavras.
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Histórias
A pequena Júlia, filha de Eliane Aparecida dos Santos, atualmente desempregada, também passou no “teste da orelhinha”, mas no de reconhecimento de próprio nome, não respondeu como o esperado. Investigada a causa, descobriu-se que a menina estava com acúmulo de cera no ouvido. Aline explica que, embora seja uma barreira contra a entrada de poeira, sujeira, insetos e microorganismos e pode prevenir - até mesmo - alguns casos de otite, a quantidade de cerúmen no ouvido de Júlia era grande e gerou uma perda auditiva - no caso temporária - que gera prejuízos na comunicação da criança. “A compreensão das palavras fica deficitária e em alguns casos a expressão oral também sofre consequências. Fora o desconforto e a dor”, esclarece Aline. A partir do diagnóstico foi iniciado o tratamento.