Uai Entretenimento

Triologia de quadrinhos relembra a luta pelos direitos civis americanos

- Foto:
O parlamentar John Lewis é um dos grandes nomes da luta dos direitos civis americanos. Ao lado de Martin Luther King, ele deu importantes passos para que os negros conquistassem mais respeito e espaço na sociedade dos Estados Unidos. O compromisso firme com a não violência e com a luta pela igualdade o colocou em um papel de destaque na sociedade e na política americana.

Em um contexto perturbado nos Estados Unidos (com a ascensão de Trump e a violência policial contra negros mais forte), a história de Lewis soa ainda mais poderosa. Para contar a própria trajetória, o parlamentar se uniu ao roteirista Andrew Aydin e ao premiado ilustrador Nate Powell.

O projeto resultou em A marcha, trilogia de quadrinhos em que John Lewis conta sua história e relembra os principais momentos da luta pelos direitos civis americanos, além de ajudar o leitor a entender o que mudou e para qual caminho todo aquele período levou.

A elogiada trilogia chega finalmente ao Brasil, com publicação prevista para os próximos meses pela Editora Nemo. O primeiro volume mostra a juventude de Lewis em uma fazenda no Alabama, o encontro com Martin Luther King e as primeiras estratégias na luta racial nos EUA.

O projeto de Lewis faz eco a uma publicação que o inspirou quando ainda era um jovem estudante, há 50 anos. Martin Luther King and the montgomery story foi uma HQ lançada em 1958, e que se tornou uma febre entre líderes estudantis que queriam seguir os mesmos passos do herói americano e bradar contra a desigualdade e o preconceito na sociedade estadunidense.

Com a publicação de A marcha, Lewis foi comparado diversas vezes pela imprensa americana aos super-heróis (tão ligados ao mundo dos quadrinhos). “Leitura essencial... A marcha é uma conquista importante e histórica de um verdadeiro super-herói americano”, escreveu o jornal USA Today.
“O ícone dos direitos civis é um Superman moderno, e agora ele tem o livro para provar isso”, foram as palavras da revista Atlanta.

Com lembranças fortes e os traços potentes de Nate Powell, a trilogia relata momentos intensos e começa e termina com cenas da marcha em Selma liderada por Lewis. A caminhada, que ocorreu em 7 de março de 1965, ficou conhecida como Domingo Sangrento depois que polícias e soldados atacaram os manifestantes pacíficos.

Com os olhos firmes no presente, Lewis mostra, com A marcha, a necessidade ainda latente da luta pelos direitos civis. O crítico Julian Lucas, do The New York Times, destacou a possibilidade de a obra apontar caminhos para novos líderes políticos. “Os três volumes de A marcha não são apenas um registro do ativismo de Lewis, mas um dos seus exemplos brilhantes, projetados para ajudar novas gerações de leitores a visualizar as possibilidades de engajamento político”, escreveu.

Não à toa, o livro fez sucesso também entre os jovens, inspirados pelas ideias de paz e igualdade de Lewis. Ele foi tratado como um verdadeiro popstar na Comic-Con de 2017. O parlamentar foi ao evento para receber, ao lado dos colaboradores, o prêmio Will Eisner (espécie de Oscar dos quadrinhos) pelo segundo volume da trilogia.

Lewis é um dos protagonistas de um dos episódios do novo talk show de David Letterman, O próximo convidado dispensa apresentação, disponível na Netflix. No mesmo programa em que entrevista o ex-presidente Barack Obama, Letterman vai com Lewis aos locais em que a marcha ocorreu, em Selma, e relembra histórias daquele momento.

A MARCHA
De John Lewis, Andrew Aydin, Nate Powell
Nemo
128 páginas
R$ 44,90
Publicação prevista para 3 de abril.