Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Gabriel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon.
O historiador acrescenta que a imagem do imperador foi bastante deturpada ao longo dos anos e a impressão que se tem é a de que, no Brasil, o único Pedro que prestava era o segundo. “Até dentro da família real eles não conhecem a própria história. Dom Pedro II aprontou tanto quanto o pai, só que era mais come-quieto e discreto e um personagem mais palatável e fácil de lidar. Mas a figura de dom Pedro I sempre me pareceu mais interessante. Por isso decidi me aprofundar”, revela.
Rezzutti ressalta o lado humano de seu biografado, sobretudo após sua partida para Portugal, em 1831, quando abdica do trono brasileiro em nome de dom Pedro II, que tinha apenas 5 anos. Aqui, o imperador deixou os filhos ainda pequenos, com exceção de Maria Amélia, fruto do seu casamento com a imperatriz Amélia, que foi junto com ele. O soberano sofreu bastante com isso e jamais veria seus herdeiros novamente. “E as crianças sofreram muito também. Um dos bilhetes enviados ao pai por dom Pedro II está manchado por lágrimas e o pequeno imperador ainda pede um pedaço do cabelo de dom Pedro I. O texto diz: “Meu querido pai e meu senhor.
SANANDO DÍVIDAS Entre outras curiosidades apresentadas no livro, em uma carta ao pai, dom João VI, datada de 1821, dom Pedro informava que precisaria apertar os cintos da economia e que tal medida começaria pelo próprio príncipe: “Comecei a fazer bastantes economias principiando por mim (...) eu não faço de despesa quase nada em proporção do que dantes era, mas se ainda puder economizar mais, o hei de fazer a bem da Nação”, escreve em um trecho do documento. “Ele começou a cortar na própria carne e teve essa preocupação em sanar as contas públicas. Algo que está faltando nos governantes de hoje”, brinca o pesquisador.
Para Rezzutti, a imagem caricata e enigmática e as lendas a respeito do soberano foram criadas pela elite da época e acabaram permanecendo, infelizmente. O historiador conta que, quando Pedro I foi embora, os políticos daqui se sentiram livres para fazer o que bem quisessem. E foi nessa época que surgiu o Partido Restaurador ou Caramuru, ligado ao imperador, e que começou a exigir sua volta da Europa.
Mesmo com todas as suas contradições, o autor ressalta que o primeiro imperador do Brasil foi um personagem rico de personalidade e nuances e que merecia ter suas outras facetas reveladas. “Ele teve defeitos, claro, porque ninguém é perfeito. Mas foi um abolicionista, um grande estadista e enfrentava qualquer um de peito aberto. Dom Pedro tinha uma grande paixão pelo Brasil e pelas mulheres, como ficou provado, e era esse fogo que ele tinha pela vida que o levou adiante e a fazer história”, resume.
D. Pedro – A história não contada: O homem revelado por cartas e documentos inéditos
De Paulo Rezzutti
Editora: Leya
464 páginas
R$ 59,90