Simone de Andrade Neves lança seu segundo livro de poemas, Corpos em marcha

Coletânea de versos é publicada depois de 20 anos de silêncio

por André Di Bernardi Batista Mendes 10/07/2015 00:13
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(foto: Divulgação)
A escritora mineira Simone de Andrade Neves lança amanhã, na Livraria Scriptum, na Savassi, Corpos em marcha (Editora Scriptum). Trata-se do seu segundo livro de poemas. Com um detalhe: O coração como engrenagem chegou ao público em 1994. A poeta não ficou parada, vendo o tempo passar durante esse período, pois tem publicações em diversos periódicos, entrel eles, o Suplemento Literário de Minas Gerais e a Revista Poesia Sempre. Participou, ainda, do projeto Arte no ônibus, em 2006, e da Pelada poética, edições de 2010 e 2014, também da Editora Scriptum.

Corpos em marcha é composto por 40 poemas, quase todos inéditos, trazendo temas como o consumo desenfreado, a dessagração dos animais e os pactos de poder. Um lirismo diferenciado marca os poemas de Simone de forma contundente. Trata-se de um lirismo diferente, muito peculiar, que a poeta encontra em suas andanças e distâncias.

Como afirma o também poeta Mário Alex Rosa, o “livro curiosamente se distancia de alguns temas recorrentes na poesia lírica de modo geral, como amor, erotismo, centralização no sujeito lírico, o corpo e suas dimensões sensitivas etc., ainda que de forma muito velada se possam descobrir certas insinuações. O livro marcha pausadamente, como quem solicita do leitor outras atenções corriqueiras”. Mário Alex acerta em cheio: os poemas de Simone “traçam uma verdade íntima, que as palavras sugerem meditações recolhidas no silêncio”.

Simone é dona de uma poesia singular, complexa, que não se deixa levar pelo fácil, pela superfície, pelas máscaras que as coisas mostram. Ela exige o além do abismo, os retoques da vida, isso para, assim, “sugar o melhor da seiva”. Simone é dona de uma poesia que exige várias leituras, uma poesia que, num primeiro momento, não se entrega. Uma poesia delicada, feminina, que exige atenção e um carinho especial daquele que se aventura.

É preciso atenção, talento, sensibilidade para fazer “recender o cheiro dos carvalhos”. É preciso atenção para versos tão precisos, maduros, feito fruta, feito o aço mais puro e cortante. Simone nos convida para esse carrossel de sentidos. São fortes os seus versos puros, de um “ferro a menstruar no tempo”. E a moça pergunta, sem necessariamente querer saber a resposta: “Sabes o efeito de um sabre?”. A vida pode, às vezes, ser complicada, que nem a poesia dá jeito, quando “pensa-se que não renasce o verde no coração da casa”. A poesia por vezes “alcança o tempo dos suspiros”.

Não existem bordas para a poesia de Simone. “Entre o gélido/e os ventos/o corpo filtra:/o meio.//nem grande, nem pequeno,//nem pergo, nem longe,//o mais pesado: o centro.” Um cerne feito de cóleras, ondas enormes, sal de lágrimas, um âmago feito de todas as cores, inteiras, que a existência cria para compor sabe-se lá que melodia, sabe-se lá que quadro, que filme, sabe-se lá que poema, ou poemas.

É difícil dizer das coisas do fogo, quando o corpo se aproxima e fica muito próximo das chamas. O distanciamento é sempre bom, mas, contudo, a poesia de Simone convida para o que existe de perto entre as pessoas. A poesia é uma espécie de luta de espadas. A poeta tem um domínio de uma esgrimista quando escreve. Ela luta a melhor das batalhas e, no mais das vezes, vence.

Lançamento
Amanhã, das 11h às 15h, na Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99,  Savassi, (31) 3223-1789.




CORPOS EM MARCHA
Simone de Andrade Neves
Editora Scriptum
64 páginas
R$ 35

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