As memórias da Rua Atacarambu
Militante dos grupos de esquerda Colina e VAR-Palmares nos anos 1960 e 1970, o economista Antônio Nahas Júnior lança um livro oportuno, sobretudo para as novas gerações conhecerem de perto as inquietações da juventude que aderiu à luta armada para combater a ditadura civil-militar imposta ao país em 1964. A queda – Rua Atacarambu, 120 conta como se deu a adesão de jovens estudantes mineiros a organizações como Polop, VPR e Colina, entre outras, relembrando momentos cruciais da história política da Grande BH e de Minas Gerais. Passeatas comandadas por universitários; a greve de Contagem, primeira reação operária ao arrocho salarial imposto pelos militares; o embate com a repressão; as prisões e a tortura – tudo isso é relatado por Nahas.
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A Rua Atacarambu do título se refere ao local no Bairro São Geraldo onde ficava a casa em que militantes do Colina foram presos, depois do tiroteio em que morreram policiais. BH, chocada com o confronto, assustava-se com a ação dos “subversivos”, amplamente noticiada, sob o enfoque das forças da repressão. Jovens esquerdistas decidiram se exilar, enquanto companheiros optaram pela clandestinidade. Vários rapazes e moças morreram sob tortura, enquanto outros amargaram anos na prisão. O livro de Antônio Nahas conta com detalhes a saga da esquerda na capital mineira nos anos 1960/1970, lembrando também como se deu a articulação do movimento pró-anistia na cidade. A queda... será lançado hoje, às 11h30, na Livraria e Editora Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi). O volume tem 403 páginas e custa R$ 60. Informações: (31) 3223-1789.
Sempre Cortázar
O argentino Julio Cortázar foi um dos escritores mais cultuados do século 20. Deixou como legado uma obra inovadora, que mudou a forma de fazer literatura na América Latina. Em 2014, para comemorar o centenário de nascimento do autor, a Editora Civilização Brasileira relançou vários de seus livros, muitos deles esgotados há anos no país. Dando continuidade ao projeto, voltam às vitrines Os reis, de 1949, e Adeus, Robinson, com peças escritas entre as décadas de 1940 a 1970.
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Misto de poema dramático e peça de teatro, Os reis recria o mito grego de Minos, Teseu, Ariadne e Minotauro. O livro oferece várias chaves para entender o universo cortazariano, ainda que, por sua narrativa e temática clássicas, ocupe um lugar de exceção dentro da obra subversiva do autor. Adeus, Robinson reúne quatro textos teatrais, um deles escrito para o rádio. Todos trazem a marca do experimentalismo de linguagem que caracteriza o conjunto da obra do autor.
Homenagem para Silviano
Acaba de ser lançado o livro Silviano Santiago y los estudios latinoamericanos, organizado pelos professores Denilson Lopes e Lúcia Helena Costigan. Iniciativa do Instituto Internacional de Literatura Latinoamericana/ Revista Iberoamericana, trata-se da quarta coletânea em homenagem ao intelectual mineiro, a primeira lançada nos Estados Unidos.
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Os artigos são assinados por Rachel Esteves Lima, Mario Camara, Ana Chiara, Ana Kiffer, Diana Klinger, Jorge Wolff, Paloma Vidal, Evando Nascimento, Idelber Avelar, Karl Posso, Sérgio de Sá, Adalberto Muller e Rodrígues Freire. O volume traz também um depoimento de Silviano Santiago (foto) sobre a literatura brasileira.