Homem OCEANO

Ao se completarem 70 anos de sua morte, lembrados na última quarta-feira, Mário de Andrade volta às livrarias. Editoras anunciam biografias, e-books contos e o romance inédito Café

por 28/02/2015 00:13
RETRATO DE MÁRIO DE ANDRADE/LASAR SEGALL
RETRATO DE MÁRIO DE ANDRADE/LASAR SEGALL (foto: RETRATO DE MÁRIO DE ANDRADE/LASAR SEGALL)
Maria Fernanda Rodrigues



Às vésperas da entrada da obra de Mário de Andrade (1893-1945) em domínio público – em 2016, qualquer editora poderá publicar Macunaíma e Amar: verbo intransitivo, entre outros títulos –, uma série de livros chegam, ou voltam, às livrarias, e biografias do modernista finalmente começam a aparecer.

Para aproveitar os últimos momentos de uma obra protegida pela lei de direitos autorais, a Nova Fronteira, responsável, com o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), pelos volumes disponíveis atualmente, lança o romance inédito Café, uma coletânea de contos e crônicas e a graphic novel Macunaíma em São Paulo: O nascimento de um Brasil, com roteiro de Izabel Aleixo e ilustrações de Kris Zullo. Os três ficam prontos para a homenagem que o autor vai receber na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), em julho.

INTERNET

Ainda neste trimestre, serão lançados três e-books com estudos de Mário de Andrade: Música de feitiçaria, As melodias do boi e Pequena história da música. O primeiro lançamento, porém, é da Edições de Janeiro e da Fundação Biblioteca Nacional: Eu sou trezentos: Mário de Andrade vida e obra, do pesquisador Eduardo Jardim. Repleto de imagens, o volume tem, como diz o autor na apresentação, “o propósito de reconstituir a trajetória do poeta e pensador até o momento da sua morte, no ponto em que os impasses com que se deparou se mostraram insuperáveis”.

Autor de Segredo de Estado – O desaparecimento de Rubens Paiva, o escritor Jason Tércio está mergulhado há 10 anos no universo do intelectual paulista. No momento, ele finaliza As vidas de Mário de Andrade, que, imagina, terá 500 páginas. Para facilitar o trabalho, o autor chegou a se mudar do Rio de Janeiro para São Paulo.

“O diferencial de minha pesquisa é que estou abrangendo nessa biografia a complexa personalidade de Mário e todos os aspectos da sua vida: poeta, ficcionista, crítico literário e de artes, musicólogo, cronista, etnógrafo, fotógrafo, professor de música, colecionador, viajante, epistológrafo, agitador cultural, bibliófilo, diretor do Departamento de Cultura de São Paulo, católico e boêmio”, adianta Tércio.

ERROS

A empreitada é grande. “Mário foi um oceano, por isso a maior dificuldade ao reconstituir sua vida é enveredar por diversas áreas e, ao mesmo tempo, pesquisar a vida de inúmeras personalidades que conviveram com ele e evitar repetir erros de narrativas existentes”, diz o autor. “Outra dificuldade é elucidar as contradições de Mário. Por exemplo: surgiu uma tese de que ele era antissemita. Não é verdade. Também há essa história de que ele era homossexual. Não é verdade”, completa Jason Tércio. Ainda não há previsão de lançamento ou contrato assinado com editora.

Ainda este ano, a Edusp e o IEB lançam, pela coleção Correspondência de Mário de Andrade, as cartas trocadas pelo modernista com Lasar Segall, volume organizado por Vera Dorta, e com Alceu Amoroso Lima, trabalho coordenado por Leandro Garcia Rodrigues em coedição da PUC-Rio.

VEM AÍ


. As vidas de Mário de Andrade

. Cartas de Mário de Andrade e Lasar Segall

. Cartas de Mário de Andrade e Alceu Amoroso Lima

. Eu sou trezentos: Mário de Andrade vida e obra

. Macunaíma em São Paulo: O nascimento de um Brasil




“Surgiu uma tese de que ele era antissemita. Não é verdade. Também há essa história de que ele era homossexual. Não é verdade”

. Jason Tércio, autor do livro As vidas de Mário de Andrade

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