Ao contrário do que pensava Matheson, aí está a razão de sua originalidade: cada uma nos oferece música vocal solista, corais e música instrumental de alta qualidade, tudo numa obra só. É esta imensa variedade estilística, parecendo abraçar todas as músicas que se produziam na Europa da primeira metade do século 18, que faz a genialidade de Bach e o consolidou como pai fundador legitimado por todos os compositores que o sucederam nos últimos três séculos.
De Beethoven a Stravinsky, de Mozart a Debussy, e de Brahms a Schoenberg, todos, sem exceção, reverenciaram desse modo o autor de Cravo bem temperado, da Paixão segundo São Mateus, da Missa em si menor, dos Concertos de Brandenburgo, das Variações Goldberg e Arte da fuga, além do majestoso, inigualável monumento formado por cerca de duas centenas de cantatas sacras, cobrindo quatro vezes o ano litúrgico cristão.
Estas rápidas palavras querem apenas dar a exata dimensão da importância do lançamento no Brasil da bíblia moderna das cantatas bachianas escrita pelo alemão Alfred Dürr (1918-2011). São 1.404 páginas, resultado de uma vida inteira de dedicação a Bach (Dürr trabalhou na moderna edição crítica de suas obras e atuou por 32 anos no Instituto Bach, em Göttingen). Todos os textos das cantatas estão traduzidos para o português e as análises são completas, tanto do ponto de vista histórico quanto musical.
Pela primeira vez, o leitor de língua portuguesa tem acesso a informações consistentes e fundamentais sobre as cerca de 200 das 300 cantatas de Bach cujos manuscritos foram preservados. Outro ponto alto é a tradução, assinada por Claudia Sibylle Dornbusch e Stefano Paschoal, com revisão técnica de Marcos da Cunha Lopes Virmond.
AS CANTATAS DE BACH
. De Alfred Dürr
. Tradução: Claudia Sibylle Dornbusch e Stefano Paschoal
. Revisão técnica: Marcos da Cunha Lopes
. Edusc, 1.406 páginas
. R$ 100