A receita do mal

por 21/02/2015 00:13
Abril/reprodução
None (foto: Abril/reprodução)


Em 1909, aos 20 anos, Adolf Hitler era um maltrapilho que passava a maior parte do tempo num alojamento em Viena. Pintando, lendo e fantasiando com o próprio triunfo: seria um pintor famoso. Mas ele não gostava de trabalhar. Aliás, nunca havia tido um emprego. Como aquele sujeito sem perspectiva se tornou o chefe de Estado mais popular do planeta nos anos 1930? De que forma ele construiu uma ditadura que exterminou dois terços dos judeus da Europa e arrastou um continente inteiro para a guerra?

O jornalista mineiro Eduardo Szklarz responde a essas perguntas no livro Nazismo: Como ele pôde acontecer (Abril), que será lançado hoje, em BH. Segundo o autor, o nazismo foi uma receita cujos ingredientes já existiam muito antes de Hitler chegar ao poder. Eram ideias como o nacionalismo, o antissemitismo e a eugenia. O führer apenas combinou esses ingredientes. E aproveitou o contexto social da época – o ressentimento pelo Tratado de Versalhes (1919), o caos da República de Weimar (1919-1933), a Crise de 1929 e a “ameaça” comunista – para se converter numa espécie de messias.

O nazismo não se restringiu a meia dúzia de líderes lunáticos. Sem a inestimável ajuda dos cidadãos comuns, a Gestapo (polícia secreta do Reich) nunca teria tido sucesso. Os nazistas ergueram uma sociedade policial que contou com amplo consentimento de jornalistas, advogados, professores, biólogos e outros profissionais. Nada menos que 45% dos médicos alemães pertenciam ao Partido Nazista, registra o autor, lembrando que, na cidade de Krefeld, 41% dos processos contra judeus entre 1933 e 1939 foram iniciados por denúncias de civis.

NAZISMO: COMO ELE PÔDE ACONTECER
. De Eduardo Szklarz
. Editora Abril
. 268 páginas, R$ 29,90
. Lançamento hoje, às 16h, no Café com Letras, Rua Antônio de Albuquerque, 781, Savassi.

MAIS SOBRE PENSAR