Orelha

por 14/02/2015 00:13
Guilherme Reis/Divulgação
Guilherme Reis/Divulgação (foto: Guilherme Reis/Divulgação)


Palavra: máquina do tempo

O presente, para Carlos Nejar, pode ser transformado pela força do verbo – e da memória. O poeta acaba de lançar Matusalém de Flores. Ele cria uma bela máquina do tempo capaz de inventar uma época inexistente, que o levou diretamente às origens do romance. Com o dom da ubiquidade, a obra data simultaneamente da novela cavaleiresca Dom Quixote, da Bíblia, do romanceiro medieval e do amanhã. O leitor fica sem fôlego, como se estivesse diante de um filme em clipes rápidos.

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O personagem do livro é Noé Matusalém, que sobrevive desde sempre, ao contrário do Matusalém bíblico, falecido aos 969 anos. Assim, conseguiu não envelhecer e pôde dar sequência às suas façanhas na cidade de Pedra das Flores, junto de sua amada Lídia (leia-se Dulcineia) e na companhia de seu fiel cão Crisóstomo (Sancho Pança). Nejar cria um balé, uma bela ciranda, um jogo de palavras: enquanto elas existirem, ele estará vivo.




Linguagem, história e pensamento

Chegou ao Brasil, pela Editora Autêntica, A potência do pensamento (foto), coletânea de ensaios e conferências escritos pelo filósofo italiano Giorgio Agamben de 1979 a 2004 e reunidos em livro, na Itália, em 2005. O autor divide os 21 textos em três núcleos: linguagem, história e pensamento. O volume é o sétimo título da série Filô Agamben, que já conta com O homem sem conteúdo, A comunidade que vem, Ideia da prosa, Meios sem fim e Nudez, entre outros. Giorgio Agamben nasceu em 1942, em Roma.




O cinema de Morin

Publicado originalmente em 1956, o livro O cinema ou o homem imaginário, do sociólogo e filósofo francês Edgard Morin (foto), ganha sua primeira edição no Brasil. Mesclando imensa gama de conhecimentos da antropologia à história da arte, Morin analisa a criação do cinema e o impacto das primeiras exibições de filmes (dos irmãos Lumière e Méliès, por exemplo) no espectador. O livro traz ainda um prefácio de Morin escrito nos anos 1970.




Síntese do barroco

A obra de Johann Sebastian Bach (1685-1750) é considerada um monumento da música ocidental. As cantatas de Bach (foto), de Alfred Dürr, ganha versão inédita no Brasil pela Editora Edufscar e disseca a obra do compositor alemão. Sua qualidade e influência simbolizam a síntese do barroco a ponto de o fim deste período, nos livros de história, ser estabelecido a partir de 1750, ano da morte do compositor. Prato cheio para os amantes da música, a versão brasileira soma 1.406 páginas. A tradução é assinada pelos doutores em língua alemã Claudia Sibylle Dornbusch e Stefano Paschoal, com revisão técnica do especialista Marcos da Cunha Lopes Virmond.

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Johann Sebastian Bach compôs mais de 1 mil obras em quase todos os gêneros praticados no século 18. As célebres cantatas foram criadas para uso no serviço religioso de eventos do ano litúrgico luterano. O livro de Dürr oferece um panorama da história e da evolução das cantatas bachianas, suas formas e problemas textuais. A obra aborda em detalhe cada uma delas.


Luta contra o câncer

O jornalista Renato Lemos acaba de lançar O amanhã existe – A história de quem transformou a história do câncer infantojuvenil no Brasil. O livro conta a trajetória do carioca Chico Neves, cujo filho, Marquinhos, foi diagnosticado com câncer. No fim da década de 1980, as chances de cura eram muito pequenas. Chico e os amigos organizaram ações como uma partida beneficente do Vasco da Gama, campeão brasileiro em 1989, para que a família pudesse custear o tratamento nos Estados Unidos. A criança acabou morrendo, mas a família transformou a dor em superação. Chico e amigos ajudaram a construir uma brinquedoteca no Instituto Nacional de Câncer. Hoje, Neves preside um instituto que apoia 30 mil pacientes com câncer.

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