Orelha

por 06/12/2014 00:13
Civilização Brasileira/Reprodução
Civilização Brasileira/Reprodução (foto: Civilização Brasileira/Reprodução )


Alegria e dor


Assis Valente (1911-1958) foi o mais festeiro dos compositores brasileiros. É dele, por exemplo, o hino das festas juninas, Cai cai balão, e a sempre atual Boas festas (“Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel”), que já começa a ser ouvida com a proximidade do Natal. O compositor ficou também célebre pela canção Brasil pandeiro, imortalizada pelos Novos Baianos (“Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor”), outra ode à felicidade.
O que nem todos sabem é que a leveza das canções não chegou à vida de Assis Valente.

A biografia do compositor, Quem samba tem alegria, de Gonçalo Júnior (Editora Civilização Brasileira), revela, em mais de 600 páginas, o destino trágico do compositor. Gênio divorciado do senso prático, Assis Valente amargou doenças, internações psiquiátricas, traições e preconceito, o que gerou um temperamento pessimista e melancólico.

O cantor e compositor suicidou-se ingerindo veneno em praça pública. Gonçalo Júnior, com sua pesquisa exemplar, dá pistas para entender a profundidade de uma existência trágica, embalada por canções de festa.

Sexo oriental

Vita sexualis, de Ogai Mori, é o novo lançamento da Editora Estação Liberdade, que vem publicando no Brasil traduções inéditas de autores japoneses. Ogai Mori (1862-1922) era médico do Exército Imperial e foi um dos nomes mais importantes do modernismo literário em seu país.

No romance, é narrada a trajetória de Kanai, um aspirante a escritor, em seu aprendizado sexual. O leitor é iniciado em aspectos da cultura nipônica, como as incursões por casas de chá, o mundo sensual das gueixas e a tradição dos omiai, os casamentos arranjados. Mesmo sem qualquer traço de vulgaridade, com texto construído com metáforas e elipses, Vita sexualis chegou a ser proibido no Japão.

Romano crítico



O poeta e ensaísta Affonso Romano de Sant’Anna (foto) acaba de lançar pela Editora Unesp, de uma só vez, três volumes com escritos sobre literatura.

O primeiro é Trajetória poética e ensaios, que mostra o percurso poético de Sant’Anna pelos movimentos marcantes da poesia brasileira, dos utópicos anos 1950 aos nossos dias. O segundo, Experiência crítica, resgata resenhas escritas para a imprensa nos anos 1970. Por fim, Entre Cabral e Drummond inclui os ensaios “Drummond e Cabral, pedras no caminho” e “Como ler a poesia de Caros Drummond de Andrade”.

Fantasia inglesa

Doctor Who é um fenômeno cultural britânico que conquistou o mundo. A série de ficção científica mais antiga da TV agora dá origem a um livro singular. Os editores convidaram 12 nomes da literatura de fantasia para escrever histórias sobre o personagem. O resultado é Doctor Who: 12 doutores, 12 histórias, que está sendo lançado no Brasil pelo selo Fantástica, da Editora Rocco. Entre os autores, estão Eoin Colfer, Marcus Sedgwick, Philip Reeve, Richelle Mead, Neil Gaiman e Holly Black.

Império de Escobar

Pablo Escobar: ascensão e queda do grande traficante de drogas, do jornalista colombiano Alonso Salazar J., acaba de chegar às livrarias brasileiras pela Editora Planeta. O livro sobre o chefe do cartel de Medellín serviu de inspiração para a série Pablo Escobar: o senhor do tráfico, que está sendo exibida no canal de TV por assinatura +Globosat. O autor, além de jornalista investigativo com 10 livros publicados, foi prefeito de Medellín entre 2008 e 2011.

Clássico inédito


A Editora Boitempo anuncia, ainda para este ano, a tradução de Tempos difíceis, de Charles Dickens. No clássico, o autor trata da sociedade inglesa durante a Revolução Industrial usando como pano de fundo a fictícia e cinzenta cidade de Coketown e a história de seus habitantes. Em seu décimo romance,  Dickens faz uma crítica profunda às condições de vida dos trabalhadores ingleses em fins do século 19, destacando a discrepância entre a pobreza extrema em que viviam e o conforto proporcionado aos mais ricos da Inglaterra vitoriana.

Passado e presente


Jared Diamond, autor de Colapso e Armas, germes e aço, ganhador do Prêmio Pulitzer, tem novo livro lançado no Brasil, mais uma vez na linha dos alertas à humanidade em torno da destruição do planeta. O mundo até ontem (Editora Record) se baseia em pesquisas de campo com sociedades tradicionais – povos das ilhas do Pacífico, os inuítes, os índios da Amazônia e o povo san do deserto Kalahari – para revelar como o estilo de vida e a cultura destes povos podem fornecer valiosas lições para as sociedades modernas.

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