Orelha

por 27/09/2014 00:13
Marc Ferrez/reprodução
None (foto: Marc Ferrez/reprodução)
O Rio de Machado



O rico universo carioca de Machado de Assis inspira a exposição que será aberta no fim do mês no Museu de Arte do Rio (MAR), na capital fluminense. Dia 30, uma intervenção vai relembrar a Rua da Constituição, Cidade Nova, Passeio Público, Engenho Novo, a Rua Direita (foto) e a Praia de Botafogo – cenários de romances, contos e novelas do Bruxo do Cosme Velho. Em 1º e 2 de outubro, seminário debaterá a literatura machadiana. As redes sociais também entraram no clima: fan page no Facebook exibe postagens diárias sobre a cidade tão querida de Machado. Confira em www.facebook.com/riodemachado.

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Terça-feira, será inaugurada intervenção, no pilotis do MAR, em que cada romance do escritor será transformado em um “bairro-livro”. O visitante poderá caminhar pela Tijuca e pela Glória, onde Bentinho e Capitu, respectivamente, passaram a lua de mel e foram morar. A mítica Rua do Ouvidor, claro, está lá, assim como o Catumbi, onde Machado de Assis viveu.

Para Scliar

Até 16 de novembro, exposição em cartaz no Santander Cultural, em Porto Alegre, vai lembrar a obra do gaúcho Moacyr Scliar. O público conhecerá um pouco da vida do autor, os lugares onde ele e a família viveram e detalhes de sua carreira como médico. O visitante poderá ler trechos de sua obra tanto em livros quanto em tablets. Em totens, Moacyr Scliar, o centauro do Bom Fim exibirá cenas de personagens do autor interpretadas por vários atores. O curador da mostra é Carlos Gerbase, jornalista, escritor e cineasta.

Biondi de volta

Produto da Geração Editorial, a coleção História agora reeditou O Brasil privatizado – Um balanço do desmonte do Estado (R$ 29,90), escrito por Aloysio Biondi e lançado em 1999. O autor revela bastidores de negócios rumorosos na década de 1990, como a venda da Telesp para a Telefónica de España e a privatização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em troca das polêmicas moedas podres. O jornalista Jânio de Freitas, que assina a introdução do livro, destaca o importante trabalho de Biondi ao fazer jornalismo investigativo na área de economia, ressaltando que o colega e suas análises se tornaram “uma sucessão de problemas para ministros”.

Paris, je t’aime

Não é de hoje que o brasileiro adora cultuar a Cidade Luz. O livro A história do Brasil nas ruas de Paris (Leya/Casa da Palavra, R$ 59,90), escrito pelo jornalista Maurício Torres Assumpção, revela que a capital francesa não deixou de retribuir a “tietagem”. Afinal, cidadãos como o mineiro Alberto Santos Dumont, o compositor Heitor Villa-Lobos e o arquiteto Oscar Niemeyer eram queridos por lá, deixando um pouquinho de nosso país no coração da França. Além de abordar a relação desse trio de gênios verde-amarelo com a cidade, o autor destaca a experiência parisiense de dom Pedro II e Lúcio Costa.

Haicai brasuca



A cantora e compositora Adriana Calcanhotto tem se destacado na cena literária. Depois de vender cerca de 60 mil exemplares de Antologia ilustrada da poesia brasileira, a gaúcha manda para as lojas Haicai do Brasil (Edições de Janeiro, R$ 48,90), com seleção de poetas dedicados à poesia que veio do Oriente. Entre eles estão Paulo Leminski (“Pra que cara feia?/ Na vida,/ Ninguém paga meia.”), Olga Savary (“Que arda em nós/ tudo quanto arde/ e que nos tarde a tarde.”), Erico Verissimo (“Gota de orvalho/ Na corola dum lírio:/ Joia do tempo.”) e André Vallias (“hai kai/ hai kai balão/ hai kai na minha mão”).

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“Poesia é síntese, e o haicai é a forma poética fixa mais sintética de todas. É a síntese da síntese”, resume Adriana Calcanhotto. Eduardo Coelho, professor de literatura da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que a trajetória desse gênero literário no país está ligada aos modernistas e à chamada poesia marginal. “Boa parte das características mais comuns do poema-pílula modernista pode ser aproximada do haicai”, diz ele, citando a obra de Oswald de Andrade.

Modernistas, graças a Deus



A coleção Modernismo + 90 acaba de lançar dois volumes dedicados ao movimento artístico que revolucionou o Brasil a partir da Semana de 1922. Escrito por Eneida Maria de Souza, professora de literatura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Marília Rothier, que ensina a mesma disciplina na PUC-Rio, o livro Modernidade toda prosa (Leya/Casa da Palavra, R$ 59,90) se volta para romances, novelas e contos criados por nomes ligados ou influenciados pela Semana de 22, bem como para o diálogo dessa escrita com as linguagens teatral, cinematográfica e das artes visuais. Ao lado de paulistas, cariocas e nordestinos, mineiros têm relevo nesse ensaio: João Alphonsus, Pedro Nava, Cyro dos Anjos, Carlos Drummond de Andrade e Lúcio Cardoso estão entre os protagonistas da saga modernista brasileira.

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No ensaio A palavra modernista – Vanguarda e manifesto (R$ 59,90), Pedro Duarte aborda aspectos conceituais do movimento brasileiro, sobretudo a atenção dada à ruptura estética e à busca da brasilidade. O professor do Departamento de Filosofia da PUC Rio analisa o legado de Mário de Andrade e de Oswald de Andrade, lembrando a importância e o caráter performático do chamado Manifesto antropófago, “talvez o mais importante já escrito no Brasil”.

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