Jurandir Ferreira tinha um toque acentuado de rigor no trabalho intelectual e um grande sentimento do outro na vida de relação. Como modo de ser, a discrição e a reserva, que o levaram a não chamar a atenção sobre o que fazia enquanto escritor e enquanto cidadão. E como preocupação constante, no plano da literatura e no plano da vida, a sua cidade de Poços de Caldas. Ela está presente na sua obra narrativa, envolta no “manto diáfano” da efabulação, ou retratada diretamente na sequência das suas crônicas admiráveis, das mais perfeitas da nossa literatura contemporânea.
Em tudo ressaltava a sua compostura, o impecável sentimento do estilo, tanto no comportamento quanto na escrita. Ao gentleman exemplar nas relações correspondia o autor rigoroso e límpido, que sabia modelar como poucos a nossa língua difícil, imprimindo-lhe inclusive os toques corretivos de ironia, como os que aparecem revestidos de tanta finura neste livro, publicado agora com vestes dignas dele pela Confraria dos Bibliófilos do Brasil.