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Obra de Marilena Chauí faz crítica à sociedade da meritocraciaVisita Edwin Dorn ao Brasil enseja paralelo entre a luta por direitos civis nos EUA e BrasilInventar a vidaCarta a Ignacy Sachs, pioneiro na cooperação Índia-BrasilO resgate da história dele começou em 2001, quando a Assembleia Legislativa de Pernambuco publicou em livro 22 perfis biográficos de deputados estaduais – entre eles, Francisco Julião. Desde então (já sem ligação direta com a Assembleia), houve uma série de eventos, reportagens em jornal e revista e pesquisas sobre Julião. A principal obra desse resgate é Francisco Julião – uma biografia, de Cláudio Aguiar, presidente do PEN Clube do Brasil e autor de Caldeirão (romance, 1982) e de duas dezenas de outras obras nos gêneros teatro e ensaio. Aos 18 anos (em 1962), ele começou a trabalhar como repórter do A Liga, jornal das Ligas Camponesas.
Francisco Julião – uma biografia é fruto de um trabalho de cerca de 10 anos, entre pesquisa e redação. Claúdio vasculhou documentos e arquivos, no Brasil e no México, e entrevistou pessoas que conviveram política e pessoalmente com Julião. Com base nessa apuração, montou uma obra de 854 páginas que recupera toda a trajetória do líder radical. Um livro indispensável para o conhecimento do Brasil pré e pós-golpe de 1964.
Cronologia
16 de fevereiro de 1915 – Nascimento de Francisco Juliano de Arruda de Paula.
1954 – Primeiro deputado estadual eleito pelo PSB em Pernambuco, depois de duas tentativas (1945 e 1947). Foi reeleito em 1958
7 de outubro de 1962 – É eleito deputado federal
31 de março de 1964 – Golpe militar. Julião, na Câmara dos Deputados, critica os golpistas e exige reforma agrária
10 de abril de 1964 – É cassado com base no Ato Institucional nº 1
3 de junho de 1964 – É preso e levado a Brasília. Estava escondido na zona rural
27 de setembro de 1965 – Ganha liberdade por meio de habeas corpus do STF. Mas é obrigado a deixar o país em 24 horas. Em dezembro, vai para o México
28 de agosto de 1979 – O general e presidente João Batista Figueiredo sanciona a Lei da Anistia. Julião é beneficiado.
10 de julho de 1999 – Morre em Tepoztlán, no México, aos 84 anos
Francisco Julião – uma biografia
De Cláudio Aguiar
Editora Civilização Brasileira, R$ 75
Três perguntas para...
Cláudio Aguiar
escritor
Tendo sido uma pessoa tão próxima a Julião, o senhor fez uma biografia engajada ou procurou ser objetivo?
Não me preocupei em fazer um livro para agradar a esquerda nem para irritar a direita. Alguém já disse que esta biografia não é contra nem a favor do biografado. O fato de estar próximo do tema e do personagem facilita a compreensão de todo o processo, mas o autor precisa estar vigilante para evitar distorções provocadas pela proximidade.
Há autores que associam Julião à iniciativa de luta armada empreendida por grupos das Ligas Camponesas, durante o governo João Goulart. O que o senhor diz disso?
Estes atos de luta armada foram feitos à revelia dele. Julião não teve nenhuma responsabilidade sobre essas ações.
Como o senhor definiria Julião, do ponto de vista ideológico e político?
Ele foi um socialista utópico, um agitador social e um político dedicado a uma causa, a dos camponeses.