De fato, é curioso olhar as partituras e saber que essas canções cantadas por tanta gente, inclusive os desafinados, como este que aqui escreve, têm toda essa complexidade. Numa equação simples e bem resumida, poderíamos dizer que nesse universo complexo de notas musicais, o simples não perde a beleza. Talvez seja por isso que muitas dessas canções continuem em nossas mentes e corações.
Mas se por um lado a parte técnica ficará para os músicos, por outro o leitor poderá ler um breve texto introdutório, mas muito bem sintetizado, sobre a trajetória do compositor Lô Borges. Mesmo que em alguns momentos termos técnicos da música reapareçam, o leitor encontrará fluidez, pois o texto é extremamente harmônico sobre técnica musical e contexto político, social e cultural, além de pontuar cada disco do “alquimista da harmonia”. Enfim, para um songbook, o resultado não poderia ter sido melhor.
Assim, há duas maneiras de confirmar o valor estético do livro e, claro, de cada disco: é ouvi-los comparando algumas canções comentadas por Pablo Castro, autor do texto de introdução, ou mesmo deixar o disco tocar e sentir a particularidade de cada um.
Seja o conhecido “disco do tênis” (1972), com suas canções oníricas, ou o mais conhecido Via Láctea (1979), cujas músicas são referências até hoje para quem quer conhecer a singularidade e a capacidade harmônicas e melódicas que esse músico e outros foram e são capazes de construir. Há outros discos, como Sonho real (1984) e Harmonia (2009), cujo título por si só diz o que ele e todos os outros álbuns representam: harmonia.
Com tudo isso, e depois da leitura, sugiro colocar os discos de Lô Borges e pensar que o sonho (da qualidade musical brasileira), felizmente, não acabou.
. Mário Alex Rosa é poeta.
Lô Borges Songbook
. Produzido por Barral Lima, com transcrições de Carlos Laudares
. Editora Neutra Editora