Luiz Fernandes de Assis lança seu segundo romance, 'O presente'

Numa trama bem urdida, o escritor conta a surpreendente história de Tomás Augusto, um jornalista e publicitário carioca recém-casado e às voltas com uma dissertação de mestrado

por Carlos Herculano Lopes 22/02/2014 00:13
Beto Novaes/EM/D.A Press
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Muitas vezes, algum tipo de acidente acontecido na vida de uma pessoa costuma ser fator decisivo para ajudar a definir os rumos que essa vai tomar no futuro. No caso do historiador e escritor Luiz Fernandes de Assis, que lança hoje em Belo Horizonte o romance O presente, foi um problema de saúde, do qual foi vítima na infância. Não foi nada de mais, nem teve maiores consequências, mas foi suficiente para fazer com que ele, durante um bom tempo, devido às limitações causadas pelo mesmo, se refugiasse na pequena biblioteca pública da cidade de Frutal, no Triângulo Mineiro, onde acabou descobrindo os mistérios e a beleza de ler histórias – e quem sabe o destino um dia poder contá-las.

Algum tempo depois, quando já era adolescente e livre dos incômodos, ele acabou se mudando com a família para Ituiutaba, também no Triângulo, onde só iria aprimorar seu gosto pela literatura. Ali, além de ter participado de um grupo de teatro, conheceu os escritores Rauer Ribeiro, Alciene Ribeiro Leite e Luiz Vilela, do qual se tornou amigo. “Tive uma convivência proveitosa com ele, que é um grande ficcionista e com quem aprendi muito. Lá em Ituiutaba comecei a escrever as minhas primeiras histórias e não parei mais”, conta Luiz Fernandes.

Com essa pequena bagagem, que seria decisiva nos tempos seguintes, aos 17 anos, o candidato a escritor chegou a Belo Horizonte, onde acabou se formando em história pela UFMG. Fez ainda especialização em gestão da memória, na Uemg. Mas ter passado em 1982 em um concurso público na Assembleia Legislativa de Minas, onde trabalha até hoje na Escola do Legislativo, lhe deu estrutura suficiente para poder, com mais tranquilidade, se dedicar à escrita, que era seu objetivo maior.

O primeiro livro de contos, Tese e outras histórias, “que há muito estava parado na gaveta, pedindo para sair”, seria lançado em 2000, e a ele se seguiria, dois anos depois, outro volume de contos, O cheiro do vulcão. Na história que dá título ao livro, Luiz Fernandes conta a trágica trajetória do político republicano Silva Jardim, que morreu em decorrência de uma queda no Vulcão Vesúvio, na Itália.

Fôlego Mas, como acontece com muitos escritores que começam escrevendo histórias curtas, chegou um tempo em que ele sentiu necessidade de dar uma guinada na sua literatura, com obra de maior fôlego, e o primeiro romance, Na esquina do século, que define como “um livro de geração”, saiu em 2009. No embalo da boa receptividade obtida pelo mesmo, e levado pela certeza de que não queria parar mais de escrever, logo começaria a pensar um novo romance, O presente, ao qual se dedicou durante os dois últimos anos.

Numa trama bem urdida, o escritor, que nasceu em Conceição das Alagoas, também no Triângulo Mineiro, conta a surpreendente história de Tomás Augusto, um jornalista e publicitário carioca recém-casado e às voltas com uma dissertação de mestrado. Mas não é só isso. De uma hora para a outra, quando também recebe a notícia de que iria ter um filho, ele fica sabendo que seu pai, com o qual nunca tinha convivido, havia morrido e sido enterrado como indigente. A partir daí, entre idas e vindas à capital mineira e com poucas informações, Tomás começa a querer saber o que realmente tinha acontecido. Mas essa é uma outra tarefa, que caberá ao leitor descobrir.

Lançamento

O presente
De Luiz Fernandes de Assis
Editora Scrittore, 416 páginas, R$ 40
•  Hoje, a partir das 11h30, na Livraria Scriptum, Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi. Informações: (31) 3223-7226.

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