Orelha

por 11/01/2014 00:13
TV Brasil/Divulgação
TV Brasil/Divulgação (foto: TV Brasil/Divulgação)
Ritmo brasileiro

Pelos tangos de Nazareth – Da rítmica africana à síncope brasileira, de Tânia Maria Lopes Cançado, é um livro precioso para quem gosta de música e história do Brasil. A autora, que é pianista, professora e pesquisadora, sintetizou no pequeno volume de 80 páginas a origem histórica e as características estilísticas do ritmo próprio da música brasileira. Tânia estudou a música africana e as influências europeias para desvendar o ritmo brasileiro, tendo como objeto de atenção os tangos, lundus, modinhas e choros de Ernesto Nazareth. A tese da autora, que vem ilustrada no CD que integra a edição (e é uma delícia), mostra que o estilo sincopado brasileiro vai muito além da notação musical nas partituras, exigindo um balanço próprio do instrumentista. “A suspensão rítmica é sutil e mais fisiológica do que teórica”, afirma. Nazareth, ensina Tânia Cançado, foi o compositor nacionalista que melhor utilizou a variedade e combinação de ritmos afro-americanos em suas obras. Assim como o samba no pé não é para qualquer um, é preciso ter ginga nas mãos para tocar Ernesto Nazareth como ele merece.

Cinema e HQ

O filme Azul é a cor mais quente, em cartaz nos cinemas, ganha edição em quadrinhos de Julie Maroh. O livro, com desenhos sofisticados, faz uma leitura delicada da história de Clémentine, a mulher que muda radicalmente sua vida depois do encontro com Emma, a jovem de cabelos azuis. O uso inteligente das cores (do preto e branco a variações de tons suaves) e bom gosto dos desenhos valorizam a publicação da Martins Fontes.

Balzac atual

O tema de Azul é a cor mais quente, a paixão lésbica, ainda causa polêmica no século 21. No entanto, o amor entre duas mulheres já fazia parte dos romances do século 19, desde A menina dos olhos de ouro, de Honoré de Balzac, que acaba de ser relançado. A novela integra o oitavo volume da Comédia humana, que está sendo publicada pela Editora Globo. A menina dos olhos de ouro faz parte de A história dos Treze, sobre uma sociedade secreta fictícia criada por Balzac, que tem ainda os livros Ferragus e A duquesa de Langeais.

O ego e o mundo

A romancista Ayan Rand (1905-1982) é uma espécie de guru dos individualistas e liberais radicais. Nascida na Rússia, ela emigrou para os EUA, onde desenvolveu carreira de romancista, sempre defendendo ideais individualistas e criando heróis autoconfiantes e dispostos a enfrentar a opinião pública e o conformismo. Acaba de chegar às livrarias a tradução de um dos mais conhecidos romances de Ayan Rand, A nascente, em dois volumes. A edição é da Arqueiro, que já lançou no Brasil a trilogia A revolta de Atlas.

Mais recordes

Para os viciados em listas, um lançamento esperado todos os anos acaba de chegar ao mercado, Guinness world records 2014. Desde a primeira edição, em 1955, o volume se tornou uma referência e já vendeu mais de 130 milhões de cópias em todo o mundo. A nova fornada traz, além dos temas fixos, os novos tópicos “Terra dinâmica”, “Vida urbana” e “Pioneirismo”. O Guiness 2014 aposta também em interatividade, com aplicativo gratuito para visualização de imagens em 3D. O lançamento é da Ediouro.

Arte de Cretti

O paulista Cláudio Cretti, há mais de uma década, vem desenvolvendo com desenhos e esculturas uma obra sólida, austera, disciplinada, cujo mote é a investigação de limites. São trabalhos que tensionam presença e dissipação de matérias, geometria e formas orgânicas, acaso e construção. O livro Cláudio Cretti (WMF Martins Fontes e Galeria Marília Razuk) traz textos sobre as pesquisas do artista nos últimos 10 anos, escritos por Fernanda Lopes, Noemi Jaffe, Lorenzo Mammì, Juliana Monachesi e Tadeu Chiarelli.



Mussa completo

A obra de Alberto Mussa (foto) ganha edição completa pela Record, que chega com novo projeto gráfico e estudos inéditos. Os dois primeiros volumes são O enigma de Qaf, de 2004, que traz prefácio de Walnice Galvão e pós-escrito do autor; e O senhor do lado esquerdo, o mais recente livro do autor, de 2011, com ensaio de João Cezar de Castro Rocha. A obra de Alberto Mussa está traduzida em 10 idiomas e já foi lançada em 14 países.

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