Originalmente lançada em 1994, quando o biografado ainda era vivo, Moreira da Silva – O último malandro foi revista pelo autor, que, atualmente, vive na Inglaterra, onde faz mestrado em comunicação e novas tecnologias digitais. “Para mim ele foi a encarnação da malandragem carioca”, diz Alexandre Augusto. Baiano de Feira de Santana, o jornalista começou a pesquisar a vida de Moreira da Silva em 1992, transferindo-se para o Rio dois anos depois.
“Morengueira foi o pai do samba de breque, influenciou muito mais gente do que se imagina”, admite Marcelo Fróes, cujo Discobertas fez parceria com a distribuidora Índigo para o lançamento conjunto do box Moreira da Silva anos 50 com a biografia. “Ele deixou uma obra vasta e longeva ao viver quase 100 anos e trilhar uma carreira de quase sete décadas”, constata o biógrafo Alexandre Augusto, lembrando que o artista carioca passou por todos os momentos da música brasileira do século 20. “Ele foi do circo aos grandes palcos”, ressalta.
Esta é a primeira fez que o selo carioca promove lançamento casado e a expectativa de Fróes é de boas vendas frente à proximidade das festas de fim de ano. O fato de o raríssimo O tal jamais ter sido reeditado intriga o também pesquisador carioca, ao salientar que nem sequer a família tinha um exemplar do álbum de 1956. “Consegui com um amigo e fizemos a restauração quando a família autorizou a reedição”, revela Fróes, que traz finalmente o material de Kid Morengueira daquele período para a era digital.
Para o proprietário do selo Discobertas, o grande legado de Moreira da Silva para a música brasileira é o humor, até então restrito às marchinhas de carnaval. “Com Kid Morengueira tudo era engraçado o ano inteiro”, atesta o pesquisador carioca. Do novo pacote do selo Discobertas fazem parte clássicos como Acertei no milhar, Falso gaiato, Amigo urso, Turma do funil e Na subida do morro. Na biografia que está sendo reeditada, o leitor vai encontrar a discografia completa de Moreira da Silva.
Três perguntas para
Alexandre Augusto
pesquisador e biógrafo
Por que o relançamento do livro agora?
Quando terminamos a biografia, o Moreira ainda estava vivo. Foi algo que me deixou muito feliz lançar o livro com a presença dele. Foi uma festa linda no MAM do Rio de Janeiro. O relançamento agora se deu por um convite que o Marcelo Fróes me fez no início do ano. Ele passou alguns anos tentando me localizar depois de lançar a excelente caixa com os principais discos do Moreira. Topei na hora, pois acho importante o resgate da obra e da vida do importante artista brasileiro.
O que esta nova edição traz de novidade?
Fiz um posfácio especialmente para esta edição. Conto os bastidores do livro e atualizo os últimos anos da vida de Moreira. Confesso que fiquei bastante emocionado ao me lembrar disso tudo e das minhas histórias com Kid Morengueira.
Como biógrafo, que imagem você guarda de Kid Morengueira?
Moreira, para mim, foi a encarnação da malandragem carioca, do Rio Cidade Maravilhosa. Um cantor, um gaiato, enfim. O último dos malandros.
MOREIRA DA SILVA – O ÚLTIMO DOS MALANDROS
• De Alexandre Augusto
• Editora Sonora
• 304 páginas, R$ 39,90