A cidade é fonte para a poesia de Fabiano, como também um pardal no telhado, a porta de um bar, fiapos de garoa, tiros imaginários, risadas, córregos fétidos, guimbas de cigarros e um carro de entulhos. As coisas escondem segredos. A poesia de Fabiano é propícia e faz surgir pássaros para o corpo das meninas.
O poeta sofre de uma “noite crônica do organismo”, sabe de situações que acordam todas as fomes, sabe que “na pior das hipóteses/ ainda há uma chuva/ que, de vez em quando,/ cai sobre esse declínio civilizado/ sobre essas palavras que saem ocas/ sobre essas máquinas”. O poeta, anárquico, contudo se abre, pronto para tudo que é verde. Fabiano sabe e tem ouvidos de ouvir o som da garoa, e tantos ecos de canções. O poeta tem braços, e neles cabem “um abraço/ um abraço não dicionarizado/ um abraço sem contusão/ abraço de silêncios e vácuo”. O que de melhor existe, nos poemas: um cheiro de grama depois da chuva, e várias tempestades. O poeta quer, no fundo, “adormecer os poemas”.
Fabiano Calixto nasceu em Garanhuns (PE), em 1973, mas vive em São Paulo. Tem poemas publicados em vários jornais e suplementos no Brasil e no exterior. Traduziu poemas de Jim Morrison, Allen Ginsberg, John Lennon, Roberto Bolaño, Laurie Anderson, entre outros. Fabiano foi também editor da revista de poesia Modo de Usar. Seu próximo livro de poemas, Nominata morfina, será publicado em breve.
A canção do vendedor de pipocas tem lançamento hoje, com direito a boas surpresas: os poemas de Fabiano Calixto vão ser lidos por escritores e poetas mineiros como Ana Martins Marques, Fabrício Marques, Kiko Ferreira, Júlio Abreu, Michelle Campos, Renato Negrão, Simone Andrade Neves, entre outros.
A CANÇÃO DO VENDEDOR DE PIPOCAS
. De Fabiano Calixto
. Editora 7 Letras, 132 páginas, R$ 39
. Lançamento hoje, às 11h30, na Scriptum, Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi