Vinícius de Moraes: Cem anos de paixão

por 19/10/2013 00:13
Henri Ballot/O Cruzeiro/EM - 6/10/64
(foto: Henri Ballot/O Cruzeiro/EM - 6/10/64)
Quando Vinicius de Moraes nasceu, há 100 anos, o Brasil era outro. E não é exagero dizer que, hoje, muito do que o país apresenta de melhor tem raiz na trajetória do poeta. Em 66 anos de vida, ele mudou a história da música popular brasileira. Revolucionando com delicadeza a forma de cantar o amor; escreveu uma obra poética que está entre as mais altas da literatura brasileira contemporânea; de formação católica rigorosa, incorporou a tolerância religiosa em nosso jeito canhestro de ter certezas absolutas. Foi o branco mais preto do Brasil; autor de peças de teatro e crônicas para moças em flor; criou novo patamar para a música feita para crianças. Elevou a mulher a um lugar de destaque que afrontou séculos de opressão e machismo, ainda que não fosse santo – dádiva que, sem dúvida, recusaria. Mas a grande obra de Vinicius de Moraes foi sua própria existência. Não foi por acaso que Carlos Drummond de Andrade disse do amigo: “Foi o único de nós que teve vida de poeta”. No dia em que se celebra seu centenário, o melhor é seguir seu gesto eternizado no samba e pedir: a bênção, Poetinha! Saravá.

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