“Se até hoje chegar a Guinda ainda é uma aventura, como pude comprovar, imagine naquela época, quando não havia estradas e tudo era mais difícil”, diz Alberto Reis, que resolveu entrar fundo na história dos Dumont. Mas ele avisa: “É tudo ficção, apenas me utilizei de determinados fatos históricos e de personagens, como François, Victor e Honorée, que deixaram, como tantos outros, suas marcas em Minas”.
Ainda de acordo com o romancista, os Dumont chegaram ao Brasil num momento sensível do país, apenas três anos depois da independência, e aqui fincaram raízes. “A nacionalidade começava a ser constituída aos poucos e eles foram se abrasileirando. Começaram a participar de todo o processo de construção de uma nova nação, da qual passaram a fazer parte”, diz.
Realidade ou ficção, o escritor conta ainda que, para escrever o livro sobre o qual se debruçou durante seis anos, pesquisou obstinadamente sobre a história de Minas, em particular do Distrito Diamantino e de seu entorno. “Aquele era um mundo especial, um país dentro do país, com fronteiras demarcadas, proibido para estrangeiros e que tinha ainda rebeliões de escravos. Sem falar da violência e do famoso Livro da capa verde, que regulava a vida de todo mundo. Ser marcado nele era uma temeridade”, conta Alberto.
Muito importante na construção do romance – como o autor faz questão de dizer – foi a ajuda que ele teve da professora Júnia Furtado, da UFMG, especialista na história de Minas, com vários livros escritos sobre o tema. “Nossas conversas foram fundamentais”, reconhece Alberto Reis.
Além da saga ficcional em torno dos irmãos Dumont – hoje uma grande família em Minas, com ramificações em boa parte do país – Alberto A. Reis escreveu um livro que, à parte de toda fantasia, aborda momentos importantes da história brasileira, como a Revolução Liberal de 1842, liderada por Teófilo Otoni, nascido no Serro. Fala também do sertão da Farinha Podre, da saga de dona Beja de Araxá e outras histórias.
Em breve tudo será mistério e cinza é um livro recheado de mistério. Tem ainda aventura e a eterna procura pelo desconhecido. “Meu maior compromisso, ao escrevê-lo, foi com o destino humano”, resume o autor.
Em breve tudo será mistério e cinza
• De Alberto A. Reis
• Editora Companhia das Letras
• 564 páginas, R$ 56
• De Alberto A. Reis
• Editora Companhia das Letras
• 564 páginas, R$ 56