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Paolo Hewitt relembra fatos marcantes do cenário cultural em livro

Autor aborda a saga do pop rock e de ídolos como Elvis e Michael Jackson

Mariana Peixoto
- Foto: Arquivo O CruzeiroA música pop sempre foi terreno fértil para a criação de listas. 50 fatos que mudaram a história do rock, livro do jornalista britânico Paolo Hewitt, é mais um exemplo de como elas são pessoais e devem ser levadas a sério até certo ponto, pois cada um vai dar sua própria leitura para a seleção de terceiros (e também partir para a própria lista).
O que interessa neste livro é que, a partir dos pontos escolhidos, o autor, expert na cultura dos mods, especialmente nas bandas The Jam e Small Faces, traça um retrato interessante não só da música, mas do cenário sociocultural de cinco décadas a partir dos anos 1960.

Elvis e Frank

O ponto de abertura é o fato de que muito roqueiro nem deve ter se dado conta: o encontro de Elvis Presley com Frank Sinatra no show que “The Voice” manteve no ar na rede ABS na virada dos anos 1950 para os 1960. O cantor nunca havia simpatizado com o roqueiro, mas teve que dar o braço a torcer.

Elvis havia chegado de uma temporada de dois anos servindo o Exército americano. A persona non grata nas tradicionais famílias americanas havia se transformado em patriota impecável, símbolo da América que renascia na nova década. Os dois cederam um pouco, e ambos ganharam. O encontro simboliza também o fim da primeira fase do rock and roll, pois o mundo começava a prestar atenção em quatro cabeludos ingleses.

O ponto final é a morte de Michael Jackson, em junho de 2009. A partir do fim, Hewitt recria a trajetória do maior ídolo pop da música americana. Do surgimento da carreira, sob a influência do chamado estilo Motown, passando pela explosão comercial e as sucessivas tragédias pessoais, o autor traça um retrato não só de Michael, mas da construção de um astro da música. E é isso que torna a leitura interessante. Em vez de se ater a datas e fatos isolados, o jornalista busca relacionar cada acontecimento ao ambiente que o cerca, como também suas consequências. Além disso, cada capítulo traz curta biografia do músico em questão.

Fogo

Há, claro, pontos contestáveis, como a morte de Steve Marriott em incêndio causado por ele próprio ao dormir com o cigarro aceso, em abril de 1991. Para não iniciados, Marriott foi guitarrista e vocalista do Small Faces e do Humble Pie. Não há como discutir a influência, principalmente da primeira banda, no rock britânico dos anos 1960, mas há que se duvidar da morte de Marriott quase 30 anos após o fim dela.

Outra questão discutível é o capítulo que destaca o fato de a BBC ter proibido a canção Relax, de Frankie Goes to Hollywood, em janeiro de 1984 – o vídeo simulava sodomia e mostrava pessoas recebendo jatos de urina na boca. Na época, a proibição só atiçou a curiosidade do público para o single da banda de dance-pop inglesa – mas essa história, definitivamente, não repercutiu muito fora da Grã-Bretanha.

TOP 5
Fatos incontestáveis

1965
Bob Dylan adota a guitarra elétrica

1967
Lançamento de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band

1969
Festival de Woodstock

1973
David Bowie mata Ziggy Stardust

1980
Assassinato de John Lennon

50 FATOS QUE MUDARAM A HISTÓRIA DO ROCK

De Paolo Hewitt
Verus Editora
272 páginas, R$ 42,90