Para muito além das ruas

por 27/07/2013 00:13
Os protestos de junho foram muito diferentes de tudo o que já ocorreu no Brasil quando a população decidiu ir para as ruas. Foram diferentes na forma – sem lideranças e sem o apoio de partidos políticos ou organizações da sociedade civil – e no conteúdo. Em vez de uma pauta com foco em somente alguns temas, como a redemocratização do país, a volta das eleições diretas ou o impeachment do presidente Collor, como em protestos anteriores, desta vez tudo foi válido: educação, saúde, transporte, segurança, fim da corrupção e reforma política foram apenas alguns temas. Na pauta, estavam desde questões nacionais a reivindicações relacionadas ao cotidiano apenas da própria cidade onde o protesto era realizado.

Nas últimas semanas muito se comentou sobre os protestos de junho.  Depois que os manifestantes deixaram as ruas, governo e Congresso se debruçam na nada fácil tarefa de fazer os "deveres de casa" que lhes foram passados. Refletir sobre este notável acontecimento da história brasileira é o objetivo da matéria de capa desta edição de Pensar & Agir, que procura fazer uma ponte entre o passado e o futuro, tentando antever quais podem ser os cenários em direção aos quais caminhamos.

É este também o propósito dos três textos produzidos pelos articulistas convidados para esta edição. Luiz César de Queiroz Ribeiro e Nelson Rojas, do Observatório das Metrópoles, fizeram uma reflexão sobre as contradições das nossas metrópoles e a questão da mobilidade; Nelson Cardoso Amaral, pesquisador da Universidade Federal de Goiás, escreve sobre os desafios para aumentar as verbas para a educação; e Maria do Socorro e Souza, presidente do Conselho Nacional de Saúde, traça os caminhos para se ter no Brasil um sistema de saúde público e universal.

A entrevista desta edição é com Susana de Deus, diretora no Brasil da ONG Médicos Sem Fronteiras, que está presente em mais de 70 países e que, no momento, tem o conflito da Síria como prioridade. Ela fala sobre a atuação da organização e explica o que leva centenas de médicos e outros profissionais de saúde a abraçarem sua causa em troca de um salário que é inferior ao do mercado, pelo menos no Brasil.

Uma boa leitura a todos.

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