O fato de ter atuado por 15 anos como repórter do Estado de Minas, período em que acompanhou de perto a situação do patrimônio histórico do estado – um dos mais importantes do país –, contribuiu decisivamente para que Guilherme Aragão resolvesse desenvolver o projeto do livro 'Patrimônio material – Centros históricos, conjunto arquitetônico, santuários e ruínas' em parceria com o fotógrafo Cesar Duarte.
Guilherme Aragão visitou todos os sítios abordados. O objetivo do jornalista e do fotógrafo é oferecer ao leitor um recorte singular do patrimônio da humanidade guardado no Brasil. Entretanto, Guilherme explica que a adoção desse critério não significa que outros espaços históricos brasileiros sejam menos importantes.
“Como a decisão da Unesco é política e culturalmente importante, compartilhamos nossa visão com esse órgão. Nesse sentido, o panorama do patrimônio brasileiro oferecido no livro é único. Há obras isoladas sobre cada um desses espaços e há obras acadêmicas sobre o patrimônio, mas procuramos traçar uma contextualização única sobre a herança brasileira para a humanidade”, afirma.
Relatórios
Mineiro de Belo Horizonte e autor do livro 'Frutas – Os sabores do Brasil', Guilherme Aragão começou a escrever seu novo trabalho no fim do ano passado. Uma de suas referências de pesquisa foi o ensaio 'História, arte e sonho na formação de Minas', lançado pelo jornalista Mauro Werkema. Guilherme teve acesso a relatórios originais da Unesco sobre as cidades abordadas e visitou várias vezes o Arquivo Público do Distrito Federal, em Brasília, onde encontrou informações valiosas.
“Tive longas conversas com especialistas, como o coordenador de jardins públicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, o arquiteto José Leme Galvão Júnior; o professor da Unicamp Pedro Paulo Funari, especialista em religiões; e a superintendente do Iphan no Rio Grande do Sul, Ana Lúcia Goelzeer Meira.
Na opinião do repórter mineiro, o tombamento representou um ótimo negócio para as cidades visitadas por ele, aumentando a autoestima dos moradores. “Vi isso em Diamantina, em Olinda e em Goiás Velho. As pessoas têm orgulho de viver em um lugar especial, que pertence à humanidade”, diz.
O tombamento garante a preservação de bens e não há outro instrumento capaz de proteger esses espaços, ressalta Guilherme Aragão. Entretanto, ele cita aspectos que merecem cuidados em Ouro Preto e Congonhas.
A ocupação desordenada da antiga capital de Minas Gerais, iniciada nas décadas de 1980 e 1990, tem sido agravada pelo trânsito pesado no Centro Histórico. Em Congonhas, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos está em condições aceitáveis e recebeu investimentos razoavelmente estáveis ao longo das últimas décadas.
“No entanto, o Centro Histórico de Congonhas foi descaracterizado e os empreendimentos em mineração e indústria na região exigem cuidados. Mas nada como se observa em Salvador e São Luís, que enfrentam problemas muito mais graves”, conclui Guilherme Aragão.
PATRIMÔNIO MATERIAL
Centros históricos, conjunto arquitetônico, santuários e ruínas
De Cesar Duarte e Guilherme Aragão
M4 Marketing, 180 páginas, R$ 72
. Lançamento neste sábado, das 11h às 13h30, na Livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99, Savassi). Informações: (31) 3223-7226.