O inacreditável 'trailer falso' que Trump fez para convencer Kim Jong-Un

Sério. É sério.

por Lucas Negrisoli * 12/06/2018 14:03
Durante a transmissão ao vivo do encontro histórico entre o presidente dos EUA e o ditador norte-coreano Kim Jong-Un realizada pela Casa Branca, uma inovação foi apresentada. Não se trata, porém, de uma nova forma de diplomacia ou de novidades inesperadas para resolver as tensões entre os dois países, mas sim um ‘trailer’ (de um filme que não existe) do que estaria por ocorrer. As imagens foram mostradas para o líder norte-coreano em um iPad.



“Sete bilhões de pessoas habitam o Planeta Terra. Daqueles que estão vivos hoje, apenas uma pequena parcela irá ter um impacto e só alguns tomarão decisões e ações que vão mudar o curso da História”, diz o locutor nos primeiros segundos da película. A vinheta da fictícia "Destiny Pictures" irrompe a tela.

Reprodução
(foto: Reprodução)


As imagens, que remontam a uma estética que não poderia ser mais americana, combinam registros históricos da Coreia do Norte, vídeos de guerra e conflito e entrevistas de Trump e Kim. A trilha sonora, que até a metade do trailer trabalha a tensão, começa a se dissipar quando uma contagem regressiva “3, 2, 1” deságua em uma imagem de mísseis “retornando” à Terra. Sim, em reverse - aquele efeito que simula o 'rebobinar' das imagens.

Reprodução
(foto: Reprodução)

“Um novo mundo pode começar hoje”, diz o narrador enquanto a música toma a empolgação e a esperança como substância. Portas se abrindo, cavalos correndo em volta de um rio, crianças brincando em carrinhos de “bate bate” e dançarinos asiáticos se apresentando começam a colorir as imagens – “O mundo estará assistindo”, completa o narrador. 

“Será que esse líder escolherá o avanço e fará com que o país dele faça parte de um novo mundo?”, questiona a potente voz americana. “Será ele o herói de seu povo?”, indaga.

O ponto alto, porém, vem junto com uma imagem de Donald Trump, quando o narrador pergunta: “Será que ele apertará a mão da paz e conhecerá a prosperidade como ele nunca antes viu?”.

Reprodução
(foto: Reprodução)

“Um momento, uma escolha”, prepara a narração para o gran-finale, que não poderia ser diferente. “O futuro está por ser escrito”, escuta-se, enfim, a fala que dá início à transmissão do evento que, provavelmente, se tornaria o 'date' de dia dos namorados mais importante do século 21.

Reprodução
(foto: Reprodução)
Para a História
Para além do humor involuntário do ‘trailer’ da Casa Branca, o encontro de Donald Trump e Kim Jong-Un em Singapura é um dos marcos da histórica contemporânea. Para se ter uma ideia, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, chegou a classificá-lo como uma “oportunidade transcendental” e afirmou que o evento é um “marco importante” para a desnuclearização da península da Coreia.

Desde que o atual presidente dos Estados Unidos assumiu o poder, especula-se sobre um possível diálogo entre os líderes para além dos ataques de Donald Trump no Twitter, onde ele já afirmou que Kim Jong-Un é “obviamente um homem louco” que “não se importa em matar seu povo de fome” e que iria “testá-lo como nunca antes se fez”.

Como resultado do encontro nesta-terça feira, um documento foi assinado pelos dois dirigentes no qual Kim Jong-Un se compromete a desnuclearizar completamente a península e os Estados Unidos a “unirem esforços” para construir um “regime de paz duradoura e estável”.

Apesar disso, Donald Trump afirmou em entrevista coletiva que as sanções contra o regime norte-coreano ainda vigoram, que "estamos preparados para iniciar um novo capítulo entre nossas nações" e que a Guerra da Coreia, que tecnicamente ocorre desde o armistício em 1953, “em breve será encerrada”. 

(Estagiário sob a supervisão do subeditor Fred Bottrel)