Casarão onde funcionou sede da Rede Ferroviária Federal é restaurado

Localizado na rua Sapucaí, edifício histórico permaneceu fechado por mais de 10 anos e, após sediar duas edições da CASACOR Minas Gerais, está sendo restaurado para abrigar, no futuro, o Centro de Memória Ferroviária

18/07/2019 10:00
Jomar Bragança
(foto: Jomar Bragança)
Construído para abrigar a sede da Rede Ferroviária Federal, um dos edifícios mais emblemáticos e significativos da capital mineira, localizado na rua Sapucaí, passou pela primeira etapa do processo de restauração que visa à retomada dos aspectos arquitetônicos e históricos da década de 1910. A iniciativa também busca estruturar o prédio em condições ideais para abrigar atividades e iniciativas como o Centro de Memória Ferroviária no futuro.
 
O edifício funcionou até o final da década de 90, período em que a Rede Ferroviária Federal foi desativada por completo. Por conta disso, permaneceu fechado por mais de 10 anos e só foi reaberto por meio de parceria entre Multicult e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN/MG), que permitiu a realização das duas últimas edições do CASACOR Minas Gerais no local.
 
Como sede do evento, o edifício atraiu a atenção dos milhares de visitantes, permitindo a ressignificação de sua relação com a cidade e com os habitantes, já que grande parte dos belo horizontinos nunca haviam visitado o imóvel.
 
A restauração vem sendo desenvolvida desde o mês de novembro de 2018 e envolve cerca de 20 profissionais que trabalham continuamente nas etapas planejadas. São pedreiros, restauradores, pintores artísticos e uma série de outros profissionais ligados à área de preservação. Todo o trabalho é supervisionado e acompanhado pelo IPHAN/MG por meio da superintendente regional, Célia Corsino.
 

Projeto de restauração

 
O projeto de restauro prevê a realização de três etapas ao todo. A primeira, em fase final, contempla a recuperação da fachada do casarão, além da realização de todos os estudos e projetos necessários para a execução das próximas fases. Por isso, os especialistas concluem pesquisas e a elaboração dos projetos elétrico, hidráulico, acústico e paisagístico. Somente nesta primeira fase, o valor total dos investimentos é de R$ 1.750.000, com recursos da Lei federal de Incentivo à Cultura e patrocínio integral da VLI Logística. 
 
As próximas fases contemplam a execução dos projetos elétricos e hidráulicos, além da montagem museográfica consecutivamente. A previsão é que o casarão esteja totalmente restaurado até o fim de 2020.
 
“A cidade só se interessa em preservar os imóveis que conhece. Essa é a grande contribuição que a CASACOR Minas tem dado para a cidade e deu para o casarão da rua Sapucaí. A oportunidade de destacar esse ícone arquitetônico da cidade veio acrescida de uma grande visibilidade para o imóvel. A partir disso, vislumbramos a possibilidade de que aquele prédio poderia ter um destino bastante nobre após a realização da Mostra”, destacou o arquiteto João Grillo, um dos responsáveis pelo projeto de restauro.
 
João Grillo ressalta, ainda, que a iniciativa acompanha um extenso legado de ocupação e contribuição de prédios históricos da cidade ao longos dos 25 anos de atuação e a Casa do Conde, que hoje é a sede do IPHAN/MG, é um exemplo disso. 
 
“A nossa intenção com o edifício da RFFSA foi de criar um centro cultural vivo, capaz de contar a história da ferrovia, mas também ser um local de reflexões e diálogos com a modernidade e, principalmente, sobre a mobilidade”, acrescentou.
 

Resgate à história

 
Jomar Bragança
(foto: Jomar Bragança)
Com mais de 3 mil metros quadrados de área e aproximadamente 50 salas ao todo, o casarão, de estilo eclético, possui uma importância histórica, artística e cultural para a capital mineira. 
 
Sua história está intrinsecamente ligada à fundação de Belo Horizonte. Foi na região da Sapucaí e da praça da Estação que apareceram os primeiros registros de comércios na cidade em função da proximidade com a estação central de trem, principal porta de entrada dos materiais e insumos utilizados na construção da cidade.
 
Com a restauração, o edifício vem revelando diversas surpresas até para quem já está acostumado a lidar com projetos de reforma e restauro de edificações antigas. 
 
Durante o processo, a técnica de restauro Maria Caldeira, que se dedica ao ofício há cerca de 30 anos, descobriu uma série de pinturas originais tanto nos arcos que separam os cômodos quando nas paredes. Elas estavam escondidas abaixo de sete camadas de tinta e simulam com perfeição revestimentos naturais nobres como mármore e madeira.
 
O engenheiro Henrique Mourão, um dos responsáveis por acompanhar as obras do restauro, destaca que o recurso utilizado nas pinturas era uma alternativa aos materiais caros e importados. “Se fosse colocar madeira, ela precisaria vir da Europa, de navio”.
 
Segundo Maria Caldeira, o objetivo do trabalho é aproximar, ao máximo, o edifício à sua forma original de quando foi construído. “Durante o processo de recuperação da fachada, tentamos usar uma série de materiais contemporâneos para o preenchimento de algumas falhas, todos sem sucesso. O que funcionou mesmo foi quando tentamos uma solução construtiva muito utilizada no passado, que consistia no uso da terra do formigueiro para sustentação das paredes”, destacou a restauradora.
 

Despertar na CASACOR Minas

 
Ao receber duas edições da CASACOR Minas, o imóvel alcançou grande visibilidade na cidade, atraindo investimentos, melhorias e uma nova percepção por parte do público. Percebendo o potencial da edificação e sua relevância para a cidade, a Multicult propôs um projeto voltado para o restauro do casarão, que teve início ao final da 24ª edição da CASACOR Minas e segue ao longo dos anos de 2019 e 2020.
 

Sobre a Multicult 

A Multicult é uma empresa promotora de eventos diversos, entre eles a CASACOR Minas, que em 2019 completa 25 edições ininterruptas. A proposta da empresa, fundada por Eduardo Faleiro e Juliana Grillo, é promover e empreender projetos e iniciativas nas áreas de Cultura, Arquitetura, Design, Gastronomia e Urbanismo. 
 
O portfólio de ações desenvolvidas sob a assinatura da Multicult reúne eventos diversos que se destacam por promover não apenas entretenimento, mas também são uma plataforma de inspiração, informação e networking. Outro foco de atuação da empresa é a promoção de iniciativas que contribuam para a preservação da memória e da identidade urbana.

Sobre a VLI 

A VLI tem o compromisso de apoiar a transformação da logística no País, por meio da integração de serviços em portos, ferrovias e terminais. A empresa engloba as ferrovias Norte Sul (FNS) e Centro-Atlântica (FCA), além de terminais intermodais, que unem o carregamento e o descarregamento de produtos ao transporte ferroviário, e terminais portuários situados em eixos estratégicos da costa brasileira, tais como em Santos (SP), São Luís (MA) e Vitória (ES). 
 
Eleita a melhor empresa de infraestrutura do país pelo anuário Épocas Negócios 360º e escolhida como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar pela revista Você S/A, a VLI transporta as riquezas do Brasil por rotas que passam pelas regiões Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.

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