(EU): Músico e publicitário Fred Izak convida para viagem por sua arte

Mineiro lança série de canções e registro audiovisual que celebram seus 47 anos de idade, 30 no mercado publicitário e 17 à frente do grupo Fredizak

Estado de Minas 30/05/2021 13:02

Marcio Rodrigues/Divulgação
(foto: Marcio Rodrigues/Divulgação)

Um momento de introspecção. Encontrar no interior a própria identidade, e falar dela de modo universal. O projeto (EU) - Uma viagem para dentro é um caminho de autoconhecimento que o músico e publicitário mineiro Fred Izak lança agora para celebrar sua trajetória na publicidade e na arte. Aos 47 anos de idade e 30 de atuação como publicitário, ele brinca com o cabalístico 17.17 - sua entrada na publicidade aos 17 anos, e outros 17 anos à frente do grupo Fredizak. A live de lançamento oficial do trabalho está marcada para este dominfo (30/5), a partir das 18h, e pode ser acessada pelo canal no YouTube do artista e também pelo www.euofilme.com.br.

É uma tríade: um filmedoc, que contém as músicas autorais e referências ao percurso de Fred Izak até hoje, um DVD com registros de um show ao vivo e videoclipes, e a série musical das nove canções propriamente ditas, compiladas em CD, o que na verdade é a divulgação das composições em todas as plataformas digitais (Youtube, Spotify, Apple Music, Deezer, Tidal e Amazon Music).

A apresentação das músicas começou com Máscaras, Casa de Chão de Estrelas, Likes e O cara, já levadas a público. Na sequência, serão lançadas Antítese (tema do minidocumentário), Vai devagar, Vaidoso, Hoje e Por que eu sou assim?.

Ao mesmo tempo, o trabalho inclui um poema de autoria do jornalista Geraldo Silva, amigo pessoal do artista desde a infância, que lembra a caminhada que começou em Bambuí, cidade natal de Fred Izak, até os dias atuais. "O projeto é mesmo uma viagem para dentro, uma autoanálise que permeia todas as obras, todas as músicas", diz Fred.

ARTE VEM DE CEDO

Fred é de uma família musical, algo que sempre correu pelas veias. Recorda-se das composições que fazia ainda na juventude e das serenatas ao lado da família. Ligado a manifestações como a folia de reis e o congado, ele também lembra do caminho por outras expressões artísticas, como o grupo de teatro que passou a integrar e do tio ator, homenageado com um busto esculpido em São João del Rei.

"A arte sempre esteve presente na minha vida, desde quando eu vim de Bambuí para Belo Horizonte, aos 14 anos, em 1987. Comecei a trabalhar com 17 anos na publicidade e fazia, paralelamente a isso, teatro. E já compunha músicas desde essa época. A minha infância foi permeada de familiares artistas. Quanto à publicidade, inclusive considero uma forma de arte", diz.

Para ele, arte e publicidade são um respiro. Toma como um um prazer passear pela mistura frenética da arte com a publicidade. "Publicidade é maravilhoso e me dá muita coisa. E a música, essa questão toda relacionada à arte, é uma válvula de escape para mim", conta.

KEROUAC E OS BEATNIKS

No filme, a grande referência é Jack Kerouac e seus beatniks. Trata-se de um movimento sociocultural nos anos 1950 e princípios dos anos 1960 que subscreveu um estilo de vida antimaterialista, na sequência da Segunda Guerra Mundial. "Beat" remete ao termo "beàto", ou “beate”, na tradução do italiano "abençoado" - Jack Kerouac tinha descendência italiana. "O beato é aquele que não precisa de muito para viver. Acomoda tudo o que precisa dentro de uma bolsa e vai ganhar a estrada, vai ganhar a vida", descreve Fred Izak.

É a paráfrase encontrada para o escritor encarnado no personagem central do filme, lembrando a base do trabalho de Fred Izak: a contracultura, os poetas malditos, por assim dizer. Jack Kerouac e os beatniks entraram na vida de Fred em 1987, quando Cazuza, um de seus ídolos, citou Kerouac, e ele teve acesso ao livro On the road, romance de sua autoria.

"Esse livro abriu a minha mente, mudou a minha vida. Me identifiquei de imediato com a contracultura. Eu sou muito contracultura. Estou sempre questionando o sistema em que vivo, e tentando melhorá-lo, vamos dizer assim, à minha maneira e ao meu universo. Eu não sou satisfeito com absolutamente nada, sou um eterno insatisfeito. E tenho esse espírito de largar tudo, ganhar a estrada e conhecer outras culturas", descreve.

Para Fred Izak, os beatniks representam uma total falta de preconceito, uma total falta de diferenciação de classes. "E isso é maravilhoso. A minha vida é influenciada por eles. E existem vários beatniks, mesmo sem se denominarem assim, espalhados pelo mundo da arte e na nossa vida. Jesus para mim era um deles - ia na contramão de seu tempo, ensinava os fariseus a ler as coisas da maneira certa, sem tradicionalismo, sem preconceito", diz.

NO SETLIST

Entre as temáticas da lista musical, primeiro, a retirada das máscaras, em um mergulho espiritual (Máscaras), depois uma viagem para além das estrelas em uma canção com cara de casa de vó, sobre um lugar idílico que pode estar à beira mar ou entre montanhas (Casa de Chão de Estrelas, clipe com a presença de Lorena Chaves), e depois questionamentos e reflexões sobre os relacionamentos sociais (Likes). Em O cara, a hora é de pensar sobre as escolhas feitas na vida: sermos bons ou indiferentes, transformar os benefícios em bons frutos ou em maldição.

Em Antítese, cujo clipe virá a público junto ao minidocumentário, o autor homenageia as referências beatniks, lembradas no filme, como Kerouac, Rimbaud, Leminski, e o uivo de Allen Ginsberg. A música Vai devagar indaga a pressa diária. "De tanto correr, não pode mais parar, por isso manda beijos e não dá", provoca o artista.

Vaidoso é uma composição que trata da vaidade e chama atenção para suas nuances: "tudo é vaidade, já dizia Salomão. Vaidade em excesso é baixa estima meu irmão", diz a letra da música, que tem a participação de Bauxita.

Hoje contempla a verdadeira importância das coisas e a essência da criança. "Vamos desatar os nós das gravatas arrogantes? Vamos desabar dos saltos que elevam seu status? Vamos guardar o colar que sufoca a criança escondida em você?". Depois, a música convida: "Hoje, é pé na areia e cara no sol."

Por que eu sou assim? é uma brincadeira com a canção Por que a gente é assim?, do Barão Vermelho. O autor questiona a si mesmo, o tempo todo, e solta pérolas: "o flerte do que eu quero com aquilo que eu vejo, apenas um escravo daquilo que desejo! Todo dia é a mesma briga com meu eu adulterado, meu eu desgovernado."

Para Fred Izak, "ninguém está aqui à toa, mas por algum motivo, com alguma missão. Que possamos tirar da nossa convivência algum aprendizado", diz o artista, levantando uma discussão importante, que ganha ainda mais sentido no momento atual: repensar velhos modelos e comportamentos que não podem existir mais, e evidenciar a necessidade de um esforço conjunto na construção e transição para um mundo novo e melhor.

 


Fred Izak
Live do projeto (EU) - Uma viagem para dentro
30 de maio, às 18h
Na págima oficial no YouTube e pelo www.euofilme.com.br

MAIS SOBRE MUSICA