Conheça o garoto prodígio da música mineira, que canta e compõe aos 14 anos

Kaike chamou a atenção de artistas como Duda Beat e deu a partida numa carreira promissora no cenário pop e romântico nacional, com três singles lançados

Guilherme Augusto 04/02/2021 04:00


Não é de hoje que a internet é usada como ferramenta para produção e divulgação de obras musicais. Na rede de computadores, é possível colocar trabalhos de qualquer natureza, como os de um garoto de 14 anos com aspirações artísticas sérias e talento de sobra. Esse é o caso do mineiro Kaike. 

Nascido em Nova Lima e morando em Belo Horizonte, ele começou a chamar a atenção quando lançou, no final do ano passado, sua primeira música, Lojinha do Zé. Desde então, o cantor e compositor liberou outras duas canções que o colocam no time das apostas da música mineira.

E a história dele segue o roteiro clássico da ascensão de artistas que surgiram virtualmente. Kaike começou publicando covers no YouTube. Pouco tempo depois, ganhou a atenção da cantora pernambucana Duda Beat, que compartilhou o vídeo nas redes sociais e fez crescer o número de seguidores do mineiro. Um deles era uma produtora de Brasília, que apresentou Kaike a Clara Borges.

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Kaíke lançou o clipe Rosa (foto: Divulgação)

 
''Ela entrou em contato comigo dizendo que queria investir em mim. Me perguntou se eu tinha algumas músicas, e eu enviei algumas letras para ela dar uma olhada. Conversei com meus pais,  e eles apoiaram. Depois disso, a Clara montou uma equipe linda, e a gente começou a colocar o projeto em prática'', conta ele.

Em agosto de 2020, Kaike viajou para Brasília, onde gravou uma série de músicas, além dos clipes que servem de apoio para a divulgação de cada uma. Ao longo de uma semana, tomando os devidos cuidados que a pandemia da COVID-19 requer, ele trabalhou em singles, alguns já lançados e outros ainda na fila de divulgação.
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Lojinha do Zé saiu em outubro passado. Nela, o cantor já demonstrava talento para a composição, mesmo num estilo exigente como o da música pop e romântica. A qualidade se manteve em Crime, que saiu em novembro. Ambas flertam com diferentes ritmos e partem de uma base eletrônica bastante comum no pop alternativo brasileiro.

Mas a música que efetivamente promete ser o hit de Kaike é a recém-lançada Rosa. Com uma mistura de samba, MPB e pop, a faixa produzida por Igor Suarez, assim como as demais, é cheia de suingue e versa sobre o amor.

É curioso pensar que um garoto de apenas 14 anos tenha o hábito de escrever sobre esse assunto. ''Eu me inspiro muito no que está acontecendo à minha volta. Observo muito os meus colegas de escola que sofrem por amor, mas, em geral, essas letras nascem da minha imaginação sobre um casal que eu crio na minha cabeça'', conta.

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Garoto de apenas 14 anos está sendo considerado um prodígio (foto: Divulgação)


''Sempre que eu componho a música para esse 'casal', eu também crio a história deles na minha mente e, a partir disso, eu vou criando. Já compus um álbum só sobre esse casal imaginário. A minha imaginação flui muito nesse momento da composição. Quando eu tento compor uma letra que não fala de amor, acaba que eu não me vejo nela'', comenta.

Como referências, ele cita artistas como a colombiana Kali Uchis e o norte-americano Tyler, the Creator, além de artistas brasileiros, como a própria Duda Beat, Jaloo, Jão e o rapper mineiro Djonga.

Outra característica marcante do trabalho de Kaike é a concepção visual. Para cada música, ele lançou um clipe. Os de Lojinha do Zé e Rosa foram dirigidos por Pedro Lemos, enquanto Crime foi concebido e dirigido pelo próprio artista, em casa.

''Para mim, essa é a parte mais divertida do lançamento e eu opino em todos os processos da produção. Acho muito importante ter o meu dedo em tudo, porque o trabalho é meu, tem o meu nome'', pondera.

Para quem antes cantava e dançava somente na igreja e em festivais na escola, Kaike vivencia um salto grande numa carreira ainda em construção. Ligado à dança e à música – o que não é uma influência direta da família –, ele conta que sempre gostou de escrever poemas, mas só recentemente se deu conta de que os versos também poderiam ser musicados.

''As professoras sempre diziam o quanto eu escrevia bem. Para os saraus na escola, elas me chamavam para produzir e declamar os meus poemas'', conta.

Em virtude da pandemia do novo coronavírus, ele não teve aulas presenciais ao longo de 2020, o que lhe deu mais tempo para se dedicar ao trabalho musical. Ainda assim, ele diz que sempre foi bom aluno e conseguiu conciliar o horário que tinha para fazer as tarefas e estudar com o tempo reservado para compor.

Apesar de pertencer a uma geração que consome música de uma maneira diferente, Kaike tem vontade de lançar um álbum completo ou um EP. ''Quando eu componho, eu já penso no disco. Então sonho demais em poder produzir um'', afirma.

Por ora, ele se contenta com os singles. O próximo chega às plataformas digitais em 11 de fevereiro.

A despeito da pouca idade, Kaike se mostra determinado em seguir a carreira artística e já conta com o apoio da família. ''Quero continuar nisso que eu estou fazendo e aprender cada dia mais. Me encher de arte. E quem sabe um dia fazer uma apresentação na TV, na MTV ou no Multishow''.

O sonho, que parece cada vez menos distante, também inclui apresentações ao vivo, coisa que o artista nunca fez, já que estreou num momento em que os shows com público estão suspensos. ''Já sei exatamente como ele vai ser'', afirma. E essa é outra história que Kaike constrói em sua mente com grande potencial para se tornar realidade.


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