Academia Jovem Concertante investe no talento do músico brasileiro

Incubadora de talentos oferece curso on-line e bolsa para musicistas, com o propósito de prepará-los para trabalhar em orquestras do país

Augusto Pio 01/10/2020 04:00
Daniel Ebendinger/divulgação
Academia Jovem Concertante forma grupos que têm se apresentado em salas importantes do país (foto: Daniel Ebendinger/divulgação)

A pandemia da COVID-19 não tirou o fôlego da Academia Jovem Concertante (AJC), que oferece atividades de imersão para musicistas interessados em se aperfeiçoar. A instituição mantém tanto escola on-line, com aulas gratuitas para os alunos selecionados, quanto um projeto aberto ao público.

Mineira de Caratinga e radicada no Rio de Janeiro, a pianista Simone Leitão, diretora artística e idealizadora da AJC, informa que foi possível receber 24 estudantes este ano. Eles terão aulas a partir desta quinta-feira (1º/10), com encerramento previsto para 30 de novembro.

Atividades abertas ao público serão oferecidas aos sábados, às 11h, na plataforma Zoom. Basta o interessado se inscrever no site da AJC.

“Faremos um aulão aberto aos sábados. Jovens que não conseguiram se matricular, mas que tocam violino, viola e violoncelo, entre outros instrumentos, poderão participar conosco”, diz Simone Leitão.
Acervo pessoal
(foto: Acervo pessoal)
O curso é voltado para musicistas que pretendem fazer parte de orquestras profissionais. Primeira academia de música a distância do Brasil, a AJC On-line reúne professores de várias regiões.

“Neto Bellotto, paulista, é contrabaixista da Orquestra Filarmônica de MG. Os violinistas são Daniel Guedes, do Rio de Janeiro, e a paraense Lílian Raiol, spalla da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, de Brasília. Fábio Presgrave, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, dá aulas de violoncelo e o paulista Alexandre Razera é professor de viola”, conta ela.

A Academia estreou em 2012, com turnê que percorreu diversos estados. O propósito é estimular o intercâmbio entre musicistas de diferentes regiões e realidades sociais. “Nossa segunda missão é a formação de plateia: 60% dos concertos foram gratuitos, realizados em praças públicas e espaços inusitados, como canteiros de obras. Damos grande enfoque ao repertório da música de câmara”, diz Simone.

Incubadora de talentos, a Academia tem alunos de 16 a 28 anos. “Nossa ideia é colocá-los no caminho da vocação, do primeiro emprego e da geração de renda”, enfatiza a pianista.

Grupos de estudantes já se apresentaram em salas importantes do Rio de Janeiro e de São Paulo. Simone tem dupla missão: ensinar e batalhar por apoio junto a empresas e patrocinadores. “Geralmente, eu toco. Mas desta vez darei aulas de história da música uma vez por semana”, comenta.

A AJC dará ajuda de custo de R$ 600 aos alunos selecionados, até mesmo para garantir que todos tenham acesso à internet. Quando oferecia o curso presencial, a escola pagava despesas de hotel e comida dos alunos, além de cachê.

“As realidades do país são díspares. Baseamo-nos em encontrar um talento, acolhê-lo, qualificá-lo e dar-lhe orientação para continuar. Há alunos que foram estudar no exterior. Hoje, temos dois que estão empregados na Orquestra Filarmônica de Minas Gerais”, diz Simone.

A AJC faz questão de manter o vínculo com os ex-alunos. “Brincamos até que alguns são nossos netos, pois tudo começou em 2012. No final do curso, em novembro, exibiremos uma série de vídeos de concertos anteriores e outros de música de câmara, gravados com cada instrumentista em sua casa”, informa.

Simone Leitão já faz planos para 2021. “Os alunos estão bem animados para o ano que vem, quando devemos voltar ao formato físico. Agora, confesso: meu sonho é levar o projeto para Minas Gerais, estado onde há muitos talentos”, diz a pianista, que é irmã da jornalista Míriam Leitão.

ACADEMIA JOVEM CONCERTANTE

Aulas gratuitas poderão ser acompanhadas pelo público aos sábados, às 11h, mediante inscrição prévia. Informações: www.concertante.com.br

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