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MÚSICA

Alunos da rede municipal do Rio estudam Tom Jobim em aulas remotas


Para fazer com que as composições de Tom Jobim (1927-1994) continuem sendo conhecidas por novas gerações, o Instituto Antonio Carlos Jobim lançou no Rio de Janeiro a iniciativa Tom nas Escolas, em parceria com o projeto Orquestra nas Escolas. “Muitos alunos, embora ouvissem as músicas do Tom Jobim, não sabiam quem ele era. Era não, ainda é. Nossa motivação é não deixar essa música morrer e continuar reacendendo a chama da nossa cultura. Se perdemos isso, perdemos nossa identidade”, afirma Moana Martins, coordenadora geral do Orquestra nas Escolas.



O projeto teve início em março passado e envolve mais de 600 mil alunos, de 1.600 escolas municipais do Rio. A partir deste mês, a cada semana são postados vídeos no canal (@orquestranasescolas) no YouTube, em que as crianças e adolescentes do Tom nas Escolas interpretam músicas do compositor e maestro.

Além de aulas de música, a iniciativa inclui estudos sobre história e a criação de redações inspiradas na obra de Tom Jobim. Em decorrência da quarentena, as aulas de música e percussão estão sendo ministradas remotamente. Os vídeos postados nas redes do Orquestra nas Escolas são resultado de atividades desenvolvidas no ambiente virtual.

ENCONTRO

“Não podemos ficar felizes se a humanidade não está feliz. Mas, se existe algo de bom nisso (isolamento social), é esse espaço virtual, que tem sido um lugar de encontro. Agora temos a oportunidade de reunir todos os alunos, profissionais do instituto e artistas nesse projeto”, diz Moana.



Embora seja possível realizar as atividades via internet,  a coordenadora diz que esse não é um formato ideal. “Primeiro, esse espaço cibernético não é tão democrático. Nossos meninos têm dificuldades de acesso e estamos tentando fortalecer para que eles possam participar.” No entanto, ela prevê que as reuniões on-line serão mantidas mesmo após a pandemia. “A orquestra virtual nasce nesse espaço, e acho que ele veio para ficar. Não vamos mais nos afastar desse lugar de troca.”

Composições como Garota de Ipanema, Samba de uma nota só, Corcovado, Chega de saudade e O morro não tem vez fazem parte do repertório do projeto. “É muita música e riqueza, o Tom é eterno. Então vamos tentando condensar todo o repertório dele, porque senão daria para ir por anos”, brinca Moana sobre as escolhas das músicas para as produções dos vídeos.

Para fechar a programação do Tom nas Escolas, nos próximos dias 29 e 30 de setembro, está prevista a realização de um show no formato drive-in, no Rio de Janeiro, com entrada franca e transmissão simultânea via redes sociais. A ideia é que Se todos fossem iguais a você tenha as crianças e adolescentes que participam do projeto apresentando-se, com a participação de artistas nacionais que já gravaram músicas de Tom.



Outra ação prevista é o lançamento, em outubro, de um aplicativo que disponibilizará as aulas gravadas pelos professores do projeto, partituras e atividades. “Essas ações são para a comunidade, famílias, para todos. Teremos uma playlist com mais de 300 aulas gravadas”, afirma Moana. Os vídeos também serão postados no YouTube.

Aluísio Didier, presidente do Instituto Antonio Carlos Jobim, diz que este é “um sonho bonito: levar a obra do Tom a todas essas pessoas. E também garante a permanência da obra dele”. Ele conta que o instituto começou a se empenhar mais na divulgação do acervo do compositor durante a quarentena, por meio das redes sociais (@jobimoficial). “É muita foto, história e partitura. O site (jobim.org) já era aberto para qualquer pessoa, mas estamos fazendo reformas nele também”, afirma Didier, que define Tom como “um homem com uma personalidade ensolarada”.

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes