O rapper mineiro Kdu dos Anjos canta o 'Serrão' em seu novo disco

Coordenador do centro cultural Lá da Favelinha retoma a carreira musical, depois de um hiato de seis anos, e lança 'Quanto tempo hein, Kdu?!'

Frederico Gandra* 25/06/2020 07:33
Eliza Guerra/divulgação
Kdu dos Anjos, coordenador do Lá da Favelinha, tem parcerias com Djonga e Hot em seu disco (foto: Eliza Guerra/divulgação)

O rapper mineiro Kdu dos Anjos, idealizador do centro cultural Lá da Favelinha, retoma sua carreira artística com o lançamento do disco Quanto tempo hein, Kdu?!, que estará disponível nesta sexta-feira (26) nas plataformas digitais.

“Tô me sentindo estreando novamente”, diz Kdu, de 29 anos, que se distanciou da música para se dedicar à Favelinha, instalada no Aglomerado da Serra, na Região Centro-Sul de BH. O último disco dele, Azul, foi lançado em 2014. Mas o rapper sempre esteve perto dos palcos, dirigindo apresentações de jovens artistas ligados à ONG.

DJONGA

O novo trabalho traz parcerias de Kdu com expoentes do hip-hop, como Djonga e Hot Apocalypse. É fruto do aprendizado dele no centro cultural, uma das instituições sociais mais atuantes de Minas Gerais, e também da pandemia.

Quando produzia o disco, Kdu se deparou com a decretação do isolamento social. Para não interromper o cronograma de gravações, ele e o produtor Rafael Fantini decidiram morar num imóvel do Lá da Favelinha, apelidado de “Lajinha”, no Bairro Santa Efigênia, onde há um estúdio.

“Passamos a quarentena juntos, estamos há quase 60 dias aqui. Isso facilitou muito o processo, pois consigo continuar trabalhando na Favelinha e me dedicar ao disco”, explica Kdu.

As 12 faixas de Quanto tempo hein, Kdu?! foram escritas antes da pandemia. O título brinca com o período em que ele se afastou dos microfones. As canções abordam questões relacionadas ao tempo, ao amor e a problemas sociais com os quais Kdu lida no “Serrão”, apelido do Aglomerado da Serra.

“Tem música que escrevi há 10 anos e continua atemporal”, afirma o rapper. “Thiaguinho, por exemplo, fala da história real de uma criança tragicamente assassinada no morro. Essa canção é extremamente necessária neste momento que estamos vivendo”, diz. O clipe já está disponível no YouTube.

Interludjo, parceria com Djonga, surgiu da mensagem que o rapper enviou a Kdu, há alguns anos, a respeito da relação dele com a ONG. “É interessante, principalmente para quem não me conhece, ouvir o Djonga falando sobre por que parei de cantar, além da importância da Favelinha para a cidade e para a carreira dele”. Funciona mesmo como um interlúdio para o álbum, observa. O clipe traz imagens da apresentação de Djonga no aniversário de 5 anos do Lá da Favelinha, em janeiro deste ano.

Pra sempre, parceria com Hot Apocalypse, terá clipe com bailarinas do Grupo Corpo e do Cefart em coreografias de dança contemporânea. Brincar com bumbum foi composta por Kdu, Teffy Angel e Vini Joe, MCs que despontaram na Favelinha.

“Fiquei muito feliz com essa música, feita por duas pessoas pretas da minha comunidade, de cuja carreira eu cuido. Tomara que dê uma graninha pra eles”, diz Kdu, orgulhoso das “crias”.

Em 5 de junho, o filme para divulgar o álbum, com 10 minutos, chegou ao YouTube e já tem cerca de 4 mil visualizações. As cenas foram rodadas na “Lajinha” pelo diretor de fotografia Túlio Cipó. Elas compõem o clipe da faixa Só Deus sabe, eu não sei, que será lançado amanhã. “Começaram a aparecer até convites para a gente se inscrever em festivais de cinema”, comemora Kdu.

A capa, com duas fotos do rapper quando era criança, remete ao álbum de estreia de Chico Buarque, lançado em 1966. A laranja é outro elemento do projeto visual – de acordo com Kdu, ela simboliza a “acidez” destes tempos de pandemia e crise social.

Altafonte/reprodução
(foto: Altafonte/reprodução)

QUANTO TEMPO HEIN, KDU?!
• De Kdu dos Anjos
• Altafonte
• 12 faixas
• Produção e mixagem: Rafael Fantini
• Disponível nas plataformas digitais na sexta-feira (26)


* Estagiário sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria

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