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MEMÓRIA

Adeus ao hitmaker Evaldo Gouveia: sucessos e mais sucessos na carreira


Expoente do cancioneiro romântico do Brasil, o cantor e compositor Evaldo Gouveia, de 91 anos, morreu na sexta-feira, vítima da COVID-19, de acordo com informações de seu biógrafo, Ulysses Gaspar. Músicas desse cearense fizeram sucesso nas vozes de Altemar Dutra (Sentimental demais), Fagner (Brigas), Nelson Gonçalves, Gal Costa e Ana Carolina (Alguém me disse). Milton Nascimento gravou Se alguém telefonar em Crooner (1999), álbum dedicado aos “bailes da vida” que comandou.


“A partida de Evaldo é uma grande perda para a música brasileira. Sua obra será eterna, pois seu repertório é imortal, fala de uma época, de um Brasil. Evaldo foi o primeiro hitmaker do país”, afirmou Fagner. Alcione homenageou o compositor na live que realizou no fim de semana. Em seu perfil no Instagram, ela cantou um trecho de Somos iguais.

“Mais de mil composições e incontáveis sucessos no rádio. Você não sabia no momento, mas provavelmente já tomou uma e chorou a dor de amor com uma música dele”, tuitou o jornalista e escritor Xico Sá. Nas redes sociais, a atriz Patrícia Pillar e o jornalista Luis Nassif também lembraram a importância da obra do cearense. “Salve, Evaldo Gouveia!”, postou a cantora Paula Lima.

Gouveia estava internado no Hospital São Carlos, em Fortaleza. O corpo foi enterrado no sábado (30), sem as merecidas homenagens. Não houve velório, em cumprimento às normas sanitárias em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O compositor enfrentava graves problemas de saúde. Em 2017, ele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).



 

Nascido em Orós, no interior cearense, assim como Fagner, Evaldo se “apresentava”, aos 6 anos, no sistema de alto-falantes de sua cidade. Adolescente, foi estudar em Fortaleza, onde trabalhou como feirante. O jovem violonista chamou a atenção de uma rádio local. Ao lado do Trio Nagô – formado com Mário Alves e Epaminondas de Souza –, trocou o Nordeste pelo Rio de Janeiro. O trio se apresentou no famoso programa do radialista Cesar de Alencar, na Rádio Nacional, e foi contratado pela Rádio Jornal do Brasil. Depois, os jovens músicos se mudaram para São Paulo, onde trabalharam na Rádio Record.

No final dos anos 1950, Evaldo Gouveia conheceu o capixaba Jair Amorim (1915-1993), formando uma das parcerias mais importantes da música brasileira. Entre vários hits, os dois compuseram Que queres tu de mim, Somos iguais, Serenata da chuva, Sentimental demais, Brigas, O trovador e Bloco da solidão, sucessos do cantor mineiro Altemar Dutra (1940-1983).

Maria Bethânia, Alaíde Costa, Maysa, Angela Maria, Cauby Peixoto, Dalva de Oliveira, Ney Matogrosso, Wilson Simonal, Fafá de Belém, Zizi Possi, Emílio Santiago, Agnaldo Timóteo, Jamelão e Simone gravaram canções de Evaldo e Jair.



Calcula-se que o músico cearense deixou 1,2 mil composições – cerca de 700 delas registradas por vários cantores, a maioria em parceria com o amigo capixaba.

CARNAVAL

A dupla ficou famosa por seus boleros e sambas. Mas também fez a famosa marcha-rancho Bloco da solidão, sucesso de Jair Rodrigues (“Angústia, solidão, um triste adeus em cada mão/ Lá vai, meu bloco vai/ Só deste jeito é que ele sai”).

Outro hit carnavalesco de Evaldo Gouveia e Jair Amorim foi o samba-enredo da Portela em homenagem a Pixinguinha, lançado em 1973. O Brasil inteiro cantou – e canta até hoje – este clássico que deu a vitória à azul-e-branco na avenida em 1974. Diz assim: “Lá vem Portela/ Com Pixinguinha em seu altar/ E altar de escola é o samba/ Que a gente faz/ E na rua vem cantar (…)/ Pizindin! Pizindin! Pizindin!/ Era assim que a vovó/ Pixinguinha chamava/ Menino bom na sua língua natal/ Menino bom que se tornou imortal”. Em 1978, os dois compuseram outro clássico: O conde, sucesso de Jair Rodrigues e homenagem à porta-bandeira Vilma Nascimento, de 82 anos, lenda viva do carnaval carioca.